Foto: The York Times (2014) |
Por NTV
A incansável sonda Opportunity da
NASA continua a rodar sobre a superfície de Marte, mesmo tendo pousado na
superfície do planeta vermelho há uma década. Ela sobreviveu a falhas
mecânicas, problemas no computador, armadilhas no solo arenoso, terríveis
tempestades de areia e aos longos e gélidos invernos marcianos. Mas talvez não
resista ao pesado machado do corte orçamentário.
O dinheiro destinado pelo governo
Obama no ano fiscal de 2015 para a Opportunity é um tanto baixo: zero dólares.
O Orbitador de Reconhecimento Lunar (LRO, na sigla em inglês), que voa
atualmente ao redor da lua, também teve seu orçamento zerado segundo a nova
proposta.
No primeiro trimestre deste ano,
essas e cinco outras velhas missões robóticas estão sendo submetidas ao que a
agência chama de "revisão sênior", para garantir que elas ainda
estejam produzindo ciência o bastante para justificar os custos da continuidade
da operação. As propostas foram entregues e as decisões serão publicadas
em junho.
Entretanto, cientistas se perguntam
se os números do orçamento sugerem que a NASA já abriu mão das duas
espaçonaves. As outras cinco missões são a sonda Mars Curiosity, duas
espaçonaves na órbita de Marte, a contribuição da NASA junto à missão Mars
Express, da Agência Espacial Europeia, e a sonda Cassini, atualmente na órbita
de Saturno.
"Ver o orçamento da Opportunity
ser zerado foi um choque e me deixou muito surpreso", afirmou Steven W.
Ruff, professor de pesquisa da Universidade do Estado do Arizona além de membro
da equipe científica que criou a sonda, "e isso contradiz minha ideia do
que o processo de revisão sênior deveria fazer". Funcionários da NASA
dizem aos cientistas que ainda não chegaram a nenhuma conclusão, afirmando que
precisaram preencher um indicativo do orçamento antes da revisão sênior.
'Se a Opportunity ou o LRO
estiverem no topo da lista de prioridades, receberão verbas', afirmou James L.
Green, diretor da divisão de ciência planetária da NASA, na Conferência de
Ciência Lunar e Planetária realizada nos arredores de Houston no mês passado.
'Iremos reprogramar tudo o que for necessário para que possamos continuar com
essas missões'.
A Casa Branca também
disponibilizou 52 bilhões de dólares em uma proposta de orçamento suplementar,
incluindo 35 milhões de dólares para as missões planetárias da NASA, o
suficiente para manter a Opportunity e o orbitador lunar. Mas o dinheiro viria
em grande parte do fim das reduções de impostos concedidas aos mais ricos, e os
congressistas republicanos não são muito receptivos à ideia. Na conferência em
Houston, Ruff perguntou por que a Opportunity havia sido empurrada para a
proposta de orçamento complementar. 'Que missões você gostaria que eu colocasse
lá', retrucou Green. 'Qualquer outra', respondeu Ruff, acompanhado de risos da
plateia.
Green pediu para que os
cientistas deixassem de lado seus temores em relação ao orçamento. 'Eu gostaria
que a comunidade científica não se preocupasse tanto com o destino do dinheiro,
nem com a forma como vamos arrecadá-lo, pois é preciso escrever uma proposta
para conseguir o dinheiro', afirmou. Entretanto, as dificuldades financeiras
levantam a difícil possibilidade de que uma ou duas missões sejam canceladas,
mesmo que as sete equipes apresentem argumentos convincentes. 'Eu ficaria
surpreso se qualquer uma dessas missões tivesse uma nota baixa no quesito
científico', afirmou Casey Dreier, diretor de estratégias de defesa da
Planetary Society, uma organização sem fins lucrativos que promove a exploração
espacial.
No ano passado a Opportunity teve
um custo de operação de 13,2 milhões de dólares, e o Orbitador de
Reconhecimento Lunar de 8,1 milhões. Nos últimos três anos, o governo propôs
cortes profundos nas verbas das ciências planetárias e o congresso restituiu
parte do dinheiro. Para o ano fiscal de 2015, que começa no dia primeiro de
novembro, o governo Obama propõe 1,3 bilhão de dólares, mais do que nos últimos
anos, mas menos que o 1,5 bilhão que esse setor da NASA recebia há alguns anos.
'É muito desencorajador ter que
enfrentar essa luta ano após ano', afirmou o deputado Adam B. Schiff, democrata
da Califórnia, cujo distrito inclui o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA,
responsável pela maioria das missões com robôs. Schiff quer que o orçamento das
ciências planetárias esteja próximo do 1,5 bilhão de dólares, para que a NASA
tenha dinheiro para novas missões robóticas no futuro.
As previsões das propostas
orçamentárias podem enganar. A proposta enviada no ano passado pela
administração sugeriu que a missão Cassini seria encerrada em 2015. Esse ano, o
dinheiro reapareceu no orçamento da administração, que descreve a Mars
Curiosity e a Cassini como 'missões estendidas de alta prioridade'. 'Eu aposto
que a Opportunity vai arrumar um jeito de continuar funcionando', afirmou
Dreier, da Planetary Society.
Disponível em: http://nytsyn.br.msn.com/cienciaetecnologia/gravidade-zero-para-os-projetos-espaciais#page=1
Acesso em 18 de abril de 2014.
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