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Foto: Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2015) |
Prof.
Dr. Valter Machado da Fonseca
A ciência vive, nos últimos
tempos, uma banalização quase que total. As pessoas “brincam de pesquisar”,
quando na verdade a pesquisa científica deveria ser outra coisa totalmente
adversa do que se pratica na atualidade. Quase sempre os nossos pesquisadores
primam pela quantidade de artigos publicados, em detrimento de uma investigação
de qualidade. Quando o resultado de uma pesquisa é facilmente compreendido pela
grande maioria, é o mesmo que dizer que a referida pesquisa se embasa na
superficialidade, no óbvio, está dentro do espectro do senso comum. É isto que
verificamos na imensa maioria das pesquisas atuais. A boa pesquisa é aquela que
nos chama a uma reflexão profunda, que muda atitudes, que revisa conceitos e,
por vezes, os desconstroem.
Eu, particularmente, respeito
diversas concepções sobre a pesquisa científica, embora não concorde plenamente
com a maioria delas. Na verdade, sou adepto de uma pesquisa qualificada, pois,
acredito que para fazer ciência não existem fórmulas. Defendo a ideia de que
que a verdadeira investigação científica seja aquela que nos abra novos
caminhos, novas indagações e não aquelas embasadas apenas na retórica
argumentativa (embora sejamos obrigados recorrer a ela em determinados momentos
para delimitarmos nossas opiniões e posições). A pesquisa que trilha um caminho
já esperado não nos apresenta nada de novo, não nos leva a reflexões
aprofundadas, a meu ver, nada nos acrescenta e, muito menos à humanidade.
Quando colocamos nosso objetivo
maior em prol da quantidade de publicações, perdemos a qualidade, a capacidade
de partilhar novas formulações, de abrir novas indagações, as quais podem ser
"fios de continuidade" para trabalhos de outros pesquisadores. Por
isso, meu caro amigo, afirmo que não existem fórmulas nem receitas para a
pesquisa. Uma boa pesquisa nos convida a conhecer novos caminhos, novas
metodologias, nos confronta com a angústia de um trabalho árduo. Uma boa
pesquisa é aquela que nos convida sempre ao encontro com o ineditismo. Não
existem mentiras que o tempo não desmascara e nem verdades que sejam eternas!
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