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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

FRAGMENTAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA

Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
Mészáros (em sua obra “Para Além do Capital”) nos aponta que o sistema do capital, assim como o faz com suas mercadorias e produtos, estabelece também para os homens um “prazo de vida útil”, um “prazo de validade”. Estas situações, impostas pelo capital, às deferentes gerações de trabalhadores confundem e instauram um clima de total insegurança e instabilidade no mundo do trabalho. Este conflito de gerações atinge estágios que provocam desagregações no mundo do trabalho e que se traduzem em distúrbios extremamente graves na saúde física e mental dos trabalhadores, ao perseguirem suas metas quase inalcançáveis na produtividade e na qualidade dos serviços executados na cadeia produtiva capitalista.
Da mesma forma que a “idade” das pessoas passou a ser um parâmetro de fragmentação dos trabalhadores, o capital, nos tempos d’agora inseriu outros parâmetros para aumentar a eficiência no processo de segregação social e fragmentação dos que vivem do trabalho, tais como questões de gênero, étnicas, religiosa, dentre outras.
Assim dentro do atual quadro de rearranjo e das novas formas de “ajuste estrutural” da economia no contexto do neoliberalismo, os ataques e a fragmentação de classe incidem de maneira ainda mais covarde e cruel sobre a força de trabalho em todas as regiões do planeta. A nova formatação do mundo do trabalho pelas forças hegemônicas do capital tem por parâmetro básico, um ataque frontal sobre os trabalhadores e suas organizações. As novas tecnologias de produção e consumo provocam, a todo instante, novos arranjos estruturais no mundo do trabalho, alterando os condicionantes da relação capital/trabalho e, é lógico que o “cabo de guerra” rompe sempre do lado dos trabalhadores, deteriorando, de maneira cada vez mais cruel, suas já precárias condições de extremo sacrifício e miserabilidade.
Por conseguinte, o processo de mundialização do capital, aperfeiçoado pelas novas tecnologias, também causa enorme impacto nas relações de produção, no processo de circulação de mercadorias e, consequentemente, imprime um enorme impacto sobre o mundo do trabalho, pelo caráter de especulação assumida pela nova dinâmica mundializada adquirida em decorrência da nova reconfiguração da relação espaço/tempo. Esta nova mobilidade extremamente ágil atinge frontalmente a classe trabalhadora, uma vez que o capital estende este novo modelo de especulação financeira, para especulação sobre as fontes de matérias-primas e a força de trabalho, utilizando-se, sobretudo, do exército de reserva, ou dos grandes contingentes de mão de obra barata, provocados pelo desemprego estrutural, característico da crise capitalista. A deterioração das condições de trabalho cresce inversamente proporcional aos avanços das técnicas inseridas na cadeia produtiva, em tempos de mundialização do capital.
No mesmo sentido, Ricardo Antunes (2009) evidencia um dos pontos mais negativos construídos pela estratégia neoliberal: O processo vil de fragmentação da classe trabalhadora e a perda da noção de pertencimento de classe. Este aspecto reflete a alta dosagem ideológica destrutiva com que o projeto capitalista neoliberal contaminou a classe trabalhadora. A perda da noção de pertencimento de classe significa um enorme retrocesso em um dos principais avanços que a experiência de lutas da classe trabalhadora construiu, a duras penas, à custa de mortes e sacrifícios de um número incontável de trabalhadores ao longo de um processo histórico de mais de dois séculos.

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