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sábado, 16 de julho de 2011

63ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC – UFG/GOIÂNIA (GO) – BRASIL – 2011

Foto: À esquerda Mauro Cristiano, ao centro Wagner Oliveira, à direita Prof. Valter Machado da Fonseca
Por Valter Machado da Fonseca
Aconteceu entre os dias 10 e 15 de julho de 2011, na cidade de Goiânia (capital de Goiás), a 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (63ª RA/SBPC). O evento ocorreu no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás e contou com a participação de, aproximadamente, 15.0000 participantes. A maior reunião científica da América Latina que teve como tema central “CERRADO: água, alimento e energia” foi um grande sucesso, pois, trouxe à tona o relevante debate sobre o bioma Cerrado, que historicamente, sempre foi considerado um ecossistema marginal, em detrimento da exuberância de biomas como a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica.
Não que os dois importantes biomas supracitados não tenham importância, muito pelo contrário, são ecossistemas importantíssimos para a teia da vida e para a preservação do conjunto de espécies de seres vivos e para o equilíbrio do grande ecossistema planetário. Mas, o fato é que nesta 63ª RA/SBPC veio à tona o tão relevante e necessário debate sobre a centralidade e importância do Cerrado brasileiro. A expansão desordenada da fronteira agrícola no Cerrado brasileiro demanda um aprofundamento urgente das discussões e debates sobre a real importância deste riquíssimo bioma, que sempre foi secundarizado em detrimento dos demais ecossistemas brasileiros.
A exploração desordenada do Cerrado ganhou ritmo acelerado e maior ênfase a partir da década de 1960 com os pacotes tecnológicos que inauguraram o período denominado de “Revolução Verde” no país. A partir daí, com a descoberta das tecnologias que deram o suporte para a correção da elevada acidez dos solos do Cerrado, o bioma passou a ser explorado desordenadamente, sem um estudo mais aprofundado sobre sua real importância e acerca de seu papel enquanto um ecossistema que contém a grande caixa d’água que abastece a maior parte do Brasil e parcela significativa de diversos países da América do Sul, além de sua altíssima relevância quanto à preservação do equilíbrio ambiental deste país de dimensões continentais.
O fato agravante é que, a partir da “Revolução Verde”, o nosso Cerrado foi invadido por uma onda gigantesca de insumos agrícolas, herbicidas, pesticidas a diversos agrotóxicos, que culminou com a expansão exponencial da fronteira agrícola no bioma e, consequentemente, com a mecanização também desordenada dos solos do Cerrado. Este violento ataque biotecnológico ao bioma exterminou diversas espécies endêmicas de seres vivos, provocou a erosão genética das espécies, que se agravou com a retirada da vegetação original e introdução de inúmeras espécies exóticas no bioma. Isto tudo sem considerar a lixiviação dos solos e o início de um processo erosivo que ocasionou o surgimento de ravinas e voçorocas.
O fundamental nesta 63ª RA/SBPC foi a possibilidade de “um repensar” num conjunto de ações que podem levar à gestão, uso e manejo sustentáveis do Cerrado brasileiro. Diante disso, a temática central do evento permitiu a oportunidade de uma reavaliação mais séria acerca da significação do bioma Cerrado e sua correlação e interdependência com os demais biomas brasileiros. Permitiu, acima de tudo, uma reflexão mais aprofundada sobre a necessidade de se repensar no planejamento das ações antropogênicas sobre o rico acervo que compõe o importante mosaico de seres vivos e recursos naturais do Cerrado brasileiro. Sob estes aspectos, em especial, a 63ª RA/SBPC foi deveras importante.

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