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Fonte: mesquita.blog.br |
Valter
Machado da Fonseca
Há poucos dias
atrás, o “JU” publicou um texto meu sob o título “O processo eleitoral e o voto
popular”, no qual eu me referia ao avanço da maturidade dos eleitores, a
exigência por candidatos mais qualificados e a pobreza de conteúdos dos
materiais de campanhas. Hoje, resolvi enfatizar e explorar um pouco mais este
último aspecto: A pobreza e falta de conteúdos dos materiais de campanhas dos
candidatos, sejam eles escritos, como em áudio ou mesmo na TV.
Para
exemplificar esta deficiência, os denominados “santinhos” e os discursos na TV
e no rádio servem de importantes instrumentos de análise acerca deste tema. Se
verificarmos o conteúdo dos ditos “santinhos”, observamos tratar-se de um
material vazio, sem quaisquer tipos de propostas, conteúdos e/ou análises mais
aprofundadas acerca dos principais problemas que afetam nossa cidade. O
material, na maioria das vezes, não consegue sequer apresentar a biografia do
candidato, apresentando apenas uma foto e uma ou outra frese de efeito, os
denominados clichês ou chavões eleitorais, aliás, muito pouco criativos.
Quando analisamos,
com um pouco de cuidado, os brevíssimos discursos dos candidatos (tanto no
rádio quanto na TV), observamos a pobreza de propostas neles contidas.
Geralmente, tenta-se explorar temas gerais como saúde, educação, transportes,
moradias, saneamento, infraestruturas, dentre outros temas, porém sem
apresentar propostas eficazes, sem esmiuçar o conteúdo ligado ao tema e sem
demonstrar como viabilizar projetos concretos referentes aos temas gerais.
Neste sentido, eles acabam transformando grandes e relevantes temáticas em
novos chavões, os quais se repetem em todos os pleitos e por todos os
candidatos. O que mais se consegue perceber, principalmente nos programas
eleitorais de televisão, é a manipulação elaborada por especialistas
competentes das novas e eficientes tecnologias da comunicação, criando-se
efeitos visuais, geralmente relacionados a belíssimas imagens, ou mesmo ao
populismo rebaixado, visando conquistar o voto do telespectador via cenas de
efeito visual.
Acontece, porém,
que os eleitores também já estão conseguindo perceber estas ilusões dos efeitos
visuais, pois, elas acabam traduzindo, em última instância as velhas,
ultrapassadas e arcaicas propostas da época dos antigos “currais eleitorais”.
Em minha opinião, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deveria aprovar projetos
de lei que visassem um exame completo da qualidade dos materiais eleitorais
veiculados nas diversas mídias. Dever-se-ia exigir dos candidatos a confecção
de materiais com suas trajetórias profissionais e currículos comprovados no ato
da inscrição das candidaturas e, sobretudo, propostas detalhadas, justificadas
e que mostrassem os meios e caminhos que garantissem sua execução após a
eleição dos referidos candidatos. Penso ainda que deveria constar de todos os
materiais, o orçamento dos gastos das campanhas, bem como a fonte e origem dos
recursos gastos por cada candidato.
Este tipo de
ação, além de garantir uma melhoria altamente substancial na qualidade e no
nível das campanhas, possibilitaria ao eleitor um material mais elaborado, com
projetos detalhados, que o auxiliasse na análise de propostas efetivas e
concretas e, por fim, iria demandar do conjunto dos candidatos a sua
participação em cursos e processos que visassem a sua qualificação para
enfrentar a importante função de gestores e legisladores que teriam, de fato,
compromisso com a luta por novos direitos e novas conquistas para a maioria da
população que (infelizmente) é obrigada a votar em todo o território
brasileiro. Se realmente quisermos representantes que respeitem a vontade da
maioria do eleitorado, teremos que criar momentos para que os candidatos provem
sua real competência e, as campanhas eleitorais são momentos privilegiados para
tal, pois, se traduzem no ápice do processo de convencimento dos eleitores
acerca da importância, aplicabilidade e eficiência de suas propostas.
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