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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

As eleições e a escassez de propostas concretas!

Fonte: mesquita.blog.br


Valter Machado da Fonseca

Há poucos dias atrás, o “JU” publicou um texto meu sob o título “O processo eleitoral e o voto popular”, no qual eu me referia ao avanço da maturidade dos eleitores, a exigência por candidatos mais qualificados e a pobreza de conteúdos dos materiais de campanhas. Hoje, resolvi enfatizar e explorar um pouco mais este último aspecto: A pobreza e falta de conteúdos dos materiais de campanhas dos candidatos, sejam eles escritos, como em áudio ou mesmo na TV.
Para exemplificar esta deficiência, os denominados “santinhos” e os discursos na TV e no rádio servem de importantes instrumentos de análise acerca deste tema. Se verificarmos o conteúdo dos ditos “santinhos”, observamos tratar-se de um material vazio, sem quaisquer tipos de propostas, conteúdos e/ou análises mais aprofundadas acerca dos principais problemas que afetam nossa cidade. O material, na maioria das vezes, não consegue sequer apresentar a biografia do candidato, apresentando apenas uma foto e uma ou outra frese de efeito, os denominados clichês ou chavões eleitorais, aliás, muito pouco criativos.
Quando analisamos, com um pouco de cuidado, os brevíssimos discursos dos candidatos (tanto no rádio quanto na TV), observamos a pobreza de propostas neles contidas. Geralmente, tenta-se explorar temas gerais como saúde, educação, transportes, moradias, saneamento, infraestruturas, dentre outros temas, porém sem apresentar propostas eficazes, sem esmiuçar o conteúdo ligado ao tema e sem demonstrar como viabilizar projetos concretos referentes aos temas gerais. Neste sentido, eles acabam transformando grandes e relevantes temáticas em novos chavões, os quais se repetem em todos os pleitos e por todos os candidatos. O que mais se consegue perceber, principalmente nos programas eleitorais de televisão, é a manipulação elaborada por especialistas competentes das novas e eficientes tecnologias da comunicação, criando-se efeitos visuais, geralmente relacionados a belíssimas imagens, ou mesmo ao populismo rebaixado, visando conquistar o voto do telespectador via cenas de efeito visual.
Acontece, porém, que os eleitores também já estão conseguindo perceber estas ilusões dos efeitos visuais, pois, elas acabam traduzindo, em última instância as velhas, ultrapassadas e arcaicas propostas da época dos antigos “currais eleitorais”. Em minha opinião, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deveria aprovar projetos de lei que visassem um exame completo da qualidade dos materiais eleitorais veiculados nas diversas mídias. Dever-se-ia exigir dos candidatos a confecção de materiais com suas trajetórias profissionais e currículos comprovados no ato da inscrição das candidaturas e, sobretudo, propostas detalhadas, justificadas e que mostrassem os meios e caminhos que garantissem sua execução após a eleição dos referidos candidatos. Penso ainda que deveria constar de todos os materiais, o orçamento dos gastos das campanhas, bem como a fonte e origem dos recursos gastos por cada candidato.
Este tipo de ação, além de garantir uma melhoria altamente substancial na qualidade e no nível das campanhas, possibilitaria ao eleitor um material mais elaborado, com projetos detalhados, que o auxiliasse na análise de propostas efetivas e concretas e, por fim, iria demandar do conjunto dos candidatos a sua participação em cursos e processos que visassem a sua qualificação para enfrentar a importante função de gestores e legisladores que teriam, de fato, compromisso com a luta por novos direitos e novas conquistas para a maioria da população que (infelizmente) é obrigada a votar em todo o território brasileiro. Se realmente quisermos representantes que respeitem a vontade da maioria do eleitorado, teremos que criar momentos para que os candidatos provem sua real competência e, as campanhas eleitorais são momentos privilegiados para tal, pois, se traduzem no ápice do processo de convencimento dos eleitores acerca da importância, aplicabilidade e eficiência de suas propostas. 

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