Por Valter
Machado da Fonseca
Terminados os
jogos olímpicos de Londres 2012, faz-se necessário realizar um balanço da
participação do Brasil neste evento mundial. É sabido por todos que o esporte
faz parte do processo de desenvolvimento de uma nação e se liga, de forma
direta, ao grau dos investimentos em educação de um povo, de um país. Assim, ao
final de um ciclo olímpico temos um raio X do processo de desenvolvimento
educacional, econômico e de bem estar das nações participantes nos jogos.
Apesar de a
mídia ter destacado a participação do Brasil nesta XXX edição das Olimpíadas da
Era Moderna, considerando que o nosso país atingiu um novo recorde em número de
medalhas, nosso resultado foi um fiasco. Aliás, por duas medalhas a mais, sendo
uma delas conquistada de maneira inesperada no triatlo moderno no último dia e
no último momento dos jogos, este evento de Londres serviu para demonstrar quão
distante está o nosso país de um estágio, pelo menos satisfatório, nos
investimentos em educação/esportes.
A participação
pífia do nosso país, considerando que ele sediará a próxima edição dos jogos
olímpicos de 2016 é deveras preocupante. E quando falo de fracasso, não me
refiro aos nossos atletas, pois é muito fácil despejar o ônus de uma
participação vergonhosa nas costas da delegação brasileira, pois foi justamente
ela, quem de fato derramou suor e deu o sangue para conseguir o resultado que
obtivemos. Se formos olhar sob o ângulo do esforço e sacrifício de nossos
atletas, o resultado obtido demonstra um sucesso estrondoso. Mas acontece, meus
caros leitores, que não se pode medir o resultado da nossa participação nos
jogos por este ângulo. Para avaliar este resultado medíocre do Brasil nas Olimpíadas
de Londres 2012 devemos ter como critério e viés de análise, o grau de
envolvimento, de compromisso, de investimento e de planejamento
esportivo/educacional dos governantes de nosso país em relação a estes jogos.
O resultado da
participação brasileira nas Olimpíadas de Londres deste ano de 2012 serviu como
raio X para balizarmos o compromisso de nossos governantes para com o esporte,
a educação e para com a juventude de nossa nação. E, observando por este prisma
podemos compreender estes resultados como uma clamorosa vergonha. Os jogos
olímpicos demonstram que o caminho para a diminuição da violência urbana, do
consumo e tráfico de drogas passa pelo esporte e pela educação. E os nossos
governantes jamais perceberam isto. Países como o nosso, com uma população de
mais de 190.000.000 de habitantes conquistarem um número irrisório de 17
medalhas em eventos esportivos desta magnitude não deixa nenhuma margem para a
dúvida quanto à irresponsabilidade e descompromisso totais de nossos
governantes para com o esporte/educação.
O pior está por vir!
O encerramento
dos jogos de Londres foi manchado com um episódio, no mínimo hilário: vermos os
nossos representantes de posse da bandeira olímpica dos jogos de 2016. Se nada
foi feito até o presente momento, o que eles pretendem fazer em quatro anos
pelos nossos atletas, pela nossa juventude, pela educação e pelo nosso esporte?
É importante ficarmos de olho na preparação deste evento em nosso país para
denunciar pelo menos as maracutaias e desmandos que por ventura possam
acontecer com o dinheiro público em nome dos jogos olímpicos em nosso país.
O que aconteceu de bom em nossa participação em
Londres!
Como toda a
certeza, o único saldo positivo da participação brasileira nestes jogos foram
os gigantescos esforços, sacrifícios, suor e lágrimas que nossos valorosos
atletas doaram na busca quase impossível por uma medalha. E, por incrível que
pareça, dezessete heróis ainda conseguiram e destes, três atletas subiram no
local mais alto do pódio olímpico. Meus sinceros parabéns a todos os nossos
atletas: aos que trouxeram e aos que não trouxeram medalhas.
Infelizmente, minhas perspectivas para as
Olimpíadas de 2016 no Brasil são as piores possíveis: é muito provável que
tenhamos que aplaudir de pé milhares de atletas de outras nações de diversas
regiões do planeta, no pódio olímpico construído com nossos recursos, enquanto
que, ao mesmo tempo, tenhamos que verter litros e mais litros de lágrimas por
mais um fracasso de nossas delegações.
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