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Fonte: narradoresdecordel.blogspot.com |
Por Valter Machado da Fonseca
A paisagem árida, sufocante, ensolarada;
Não
relembra os tempos de outrora
Tempos
do sussurro das águas correntes
Do
canto alegre do pintassilgo ao amanhecer
O
sol saudava o dia com raios fulgurantes
O
entardecer se despedia na aurora escarlate
À
noite o frescor do vento sibilante
Acariciava
as árvores com afagos delirantes
Nas
pedras a cascata azul espumante
Acariciava
a mata com o estrondo do som alegre
O
tempo preparava o rito exuberante
Do
novo dia despindo a paisagem deslumbrante
Agora,
lá longe muito longe, bem distante
No
barraco de tábuas, papelão e sucata
Chora
calado, com rosto queimado, o desolado retirante
No
peito a dor explode em soluços silenciosos
Lá
embaixo não é o sol que alegrava o pintassilgo
Mas,
a selva de pedra, encoberta pelo pó
No
alto, nuvens negras, fumegantes
Escondem
o sol com a mortalha do terror
O
fugitivo com olhar sombrio de um ser sofrido
Chora
relembrando os tempos de outrora
No
seu semblante estão as marcas envelhecidas
Da
esperança que o tempo apagou, sem compaixão.
O
sol que virá enegrecido, encoberto com o manto negro
Não
anuncia esperança, nem algo exuberante
Mas
trás consigo a rotina da batalha
Dos
marginais que se esforçam todo dia
Para
que na aurora, na volta pro seu canto
Sonhar
de novo os pesadelos cotidianos
Lá
na paisagem árida, quase escaldante
Não
existem os tempos de outrora
Do
pintassilgo só sobrou a lembrança
Do
seu canto como um eco no horizonte
O
que restou da sua terra dos tempos de outrora
Foi
o pio triste, da saudade do retirante!!!
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