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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

MIRAGEM

Fonte: narradoresdecordel.blogspot.com
Por Valter Machado da Fonseca

A paisagem árida, sufocante, ensolarada;
Não relembra os tempos de outrora
Tempos do sussurro das águas correntes
Do canto alegre do pintassilgo ao amanhecer
O sol saudava o dia com raios fulgurantes
O entardecer se despedia na aurora escarlate

À noite o frescor do vento sibilante
Acariciava as árvores com afagos delirantes
Nas pedras a cascata azul espumante
Acariciava a mata com o estrondo do som alegre
O tempo preparava o rito exuberante
Do novo dia despindo a paisagem deslumbrante

Agora, lá longe muito longe, bem distante
No barraco de tábuas, papelão e sucata
Chora calado, com rosto queimado, o desolado retirante
No peito a dor explode em soluços silenciosos
Lá embaixo não é o sol que alegrava o pintassilgo
Mas, a selva de pedra, encoberta pelo pó

No alto, nuvens negras, fumegantes
Escondem o sol com a mortalha do terror
O fugitivo com olhar sombrio de um ser sofrido
Chora relembrando os tempos de outrora
No seu semblante estão as marcas envelhecidas
Da esperança que o tempo apagou, sem compaixão.

O sol que virá enegrecido, encoberto com o manto negro
Não anuncia esperança, nem algo exuberante
Mas trás consigo a rotina da batalha
Dos marginais que se esforçam todo dia
Para que na aurora, na volta pro seu canto
Sonhar de novo os pesadelos cotidianos

Lá na paisagem árida, quase escaldante
Não existem os tempos de outrora
Do pintassilgo só sobrou a lembrança
Do seu canto como um eco no horizonte
O que restou da sua terra dos tempos de outrora
Foi o pio triste, da saudade do retirante!!!

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