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Fonte: fotolog.com |
Prof. Dr. Valter Machado da
Fonseca*
A maioria dos seres humanos
possui cinco sentidos básicos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Por
intermédio desses sentidos, eles apreendem a dimensão do real, do estado físico
das coisas. Eles constroem, por meio dos cinco sentidos, a noção de frio,
quente, das formas dos objetos, aspereza e textura desses objetos e, conseguem
apreender a representação do real, refletido numa imagem invertida na lente
(retina) de seus olhos. Então, através dos sentidos, o homem constrói em sua
mente a representação das coisas, dos aspectos físicos, visíveis do mundo.
Então, grande parte dos homens baliza totalmente sua vida nas sensações
oriundas desses cinco sentidos. Porém, existe uma parcela ínfima de seres humanos
que possuem um sexto sentido. E, é exatamente sobre este sexto sentido que este
artigo vai dissertar.
Na verdade, não é qualquer ser
humano que possui o dom e o domínio do sexto sentido. Mas, o que vem a ser o sexto sentido? O sexto sentido é o resultado de
uma visão seletiva e apurada do mundo físico e das coisas e pessoas inseridas
neste mundo físico. Só conseguem desenvolver o sexto sentido, aquelas pessoas
que não balizam suas vidas em coisas banais, superficiais, supérfluas. Somente
o conseguem aqueles que possuem valores diferenciados, que são capazes de
enxergar nas entrelinhas, nas lacunas das coisas e dos fatos aparentemente
óbvios, a essência da vida. O sexto sentido é o resultado das mentes que
conseguem perceber o mundo para além dos cinco sentidos naturais do ser humano.
É a consequência das ações daquelas pessoas que, na grande maioria das vezes,
não necessitam de nenhum dos sentidos naturais para compreender e apreender as
coisas, os homens, os sentimentos, enfim de perceberem o que não está
explícito, manifesto, nas coisas superficiais as quais, infelizmente, servem de
âncora para a sustentação das vidas ilusórias da maioria da humanidade.
Se quisermos atingir o grau de
desenvolvimento do sexto sentido, é necessária a abominação da hipocrisia, da
intolerância, da arrogância, do individualismo, em detrimento de uma percepção
de conjunto, de coletividade, de solidariedade, da ética verdadeira, enfim, só
atingem tal estágio aqueles que conseguem abrir o coração e perceber o mundo e
as coisas do mundo pelo coração. Como muito bem disse Antoine de Saint Exupéry:
“Só se vê bem com o coração, pois, o
essencial é invisível aos olhos”
De fato, “o essencial é invisível aos olhos, pois a essência humana não se
mede pela simples aparência ou a mera representação do real, ao contrário, a
verdadeira essência se mede pelo poder humano de abstrair do supostamente real,
aquilo que não é real para a grande maioria dos homens, ou seja, abstrair do
aparentemente real, os valores que a humanidade recusa nos tempos d’agora: a
decência, a honradez, o caráter, a hombridade, a capacidade de escavar a
realidade, descartando a superficialidade, a banalidade, as armadilhas e a
superfluidade de um mundo repleto de descartáveis a serviço da ganância humana.
Assim, nesta direção
interpretativa, poucos são os que atingem o estágio de construir e usufruir do
sexto sentido. A maioria dos humanos, inseridos neste paradigma desumano já
perdeu há muito a capacidade de desenvolvimento do sexto sentido, pois, já se
encontram submersos nas masmorras das ilusões, nas quais eles próprios se
aprisionaram na perseguição a objetivos ilusórios, fictícios e fantasiosos.
Cabe a poucas pessoas neste planeta, a nobre tarefa de tentar despertar, em
pelo menos uma parcela da humanidade, o sexto sentido. Caso contrário, este
mundo supostamente real e que tem por pilares a superficialidade das ilusões,
ruirá para sempre nos escombros da imbecilidade daqueles que “caem de quatro”
diante das ilusões e fantasias geradas pelos cinco sentidos naturais do ser
humano, os quais já se mostraram insuficientes para apreender os valores e as
coisas realmente preciosas para a edificação e manutenção da verdadeira
essência do homem neste planeta ainda azul.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e
Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador
da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com
Parabéns dr. Valter, fantástico artigo! Compartilhei no Facebook, tá bom? Abs!
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