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domingo, 2 de março de 2014

Os shoppings centers: símbolos sagrados da sociedade do supérfluo

Fonte: www.reggaenomato.com.br


Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Recentemente, a mídia destacou com prioridade as notícias dos tais “rolezinhos”. Mas, o que vem a ser isto afinal? Trata-se de um bando de adolescentes, adestrados na cultura do consumismo, que se reúnem para dar um rolé nos shoppings centers das grandes e médias cidades do país. É uma prova clara e evidente da contracultura ou do processo de aculturação dos jovens que, sob influência da própria mídia, cultuam o consumismo, o supérfluo e o descartável. É uma evidência definitiva do vazio que habita as mentes e os corações dos jovens e adolescentes, pela extinção dos valores morais (não da moral capitalista apregoada pela mídia) que extirpa a identidade cultural dessa parcela da juventude.
O capitalismo acaba por criar mecanismos imprescindíveis para a manutenção de autorreprodução que, no final das contas, vão contra seus próprios princípios de defesa incondicional da propriedade privada. Esses jovens ao dar seus rolezinhos pelos “sagrados” shoppings centers, acabam sendo seduzidos pelo fetiche dos produtos ali exibidos e, não resistindo à sedução do consumo, acabam por se apropriar deles de maneira ilícita. São as gritantes contradições da sociedade do culto ao supérfluo e ao descartável.
É interessante verificar o poder que a mídia capitalista exerce sobre esta parcela da juventude. Muitos deles chegam a se intitular “famosinhos”, pela simples propaganda que eles fazem sobre si mesmos nas mídias sociais. Na verdade, no Brasil não é preciso fazer muita coisa para ser considerado famoso. Vejam, por exemplo, os realities shows presentes nas principais emissoras de TV. São programas deste tipo que levam a juventude a se auto proclamar famosinha. O capital constrói valores fictícios artificiais que acabam servindo para balizar as vidas de amplos setores da população, em especial crianças e jovens.
Em última instância, o capital tenta extirpar, de uma vez por todas, o conjunto de valores morais que pode impedir sua expansão, e reprodução, ou seja, quaisquer valores que impeçam o ímpeto da mais-valia. Estes rolezinhos são a prova cabal da falta de projetos que povoa as mentes de crianças, jovens e adolescentes. Neste sentido, a sociedade globalizada vem destruindo, um a um, todos os valores morais duramente construídos através dos tempos pela humanidade. Vem extirpando das comunidades, grupos étnicos e sociais, as tradições aspectos culturais, costumes e hábitos secularmente consagrados, por banalizações impostas pela mais-valia. São os sintomas claros da barbárie que desponta, ainda com mais evidência, no horizonte do século XXI.             


* Escritor. Geógrafo, mestre e doutor pela Universidade Federal de Uberlândia. Professor e pesquisador das temáticas “Alterações Climáticas” e “Impactos socioambientais sobre os ecossistemas terrestres e aquáticos”. E-mail: pesquisa.fonseca@gmail.com

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