![]() |
Fonte: www.reggaenomato.com.br |
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Recentemente, a mídia destacou com
prioridade as notícias dos tais “rolezinhos”. Mas, o que vem a ser isto afinal?
Trata-se de um bando de adolescentes, adestrados na cultura do consumismo, que
se reúnem para dar um rolé nos shoppings centers das grandes e médias cidades
do país. É uma prova clara e evidente da contracultura ou do processo de
aculturação dos jovens que, sob influência da própria mídia, cultuam o consumismo,
o supérfluo e o descartável. É uma evidência definitiva do vazio que habita as
mentes e os corações dos jovens e adolescentes, pela extinção dos valores
morais (não da moral capitalista apregoada pela mídia) que extirpa a identidade
cultural dessa parcela da juventude.
O capitalismo acaba por criar mecanismos
imprescindíveis para a manutenção de autorreprodução que, no final das contas,
vão contra seus próprios princípios de defesa incondicional da propriedade
privada. Esses jovens ao dar seus rolezinhos pelos “sagrados” shoppings centers,
acabam sendo seduzidos pelo fetiche dos produtos ali exibidos e, não resistindo
à sedução do consumo, acabam por se apropriar deles de maneira ilícita. São as
gritantes contradições da sociedade do culto ao supérfluo e ao descartável.
É interessante verificar o poder que a
mídia capitalista exerce sobre esta parcela da juventude. Muitos deles chegam a
se intitular “famosinhos”, pela simples propaganda que eles fazem sobre si
mesmos nas mídias sociais. Na verdade, no Brasil não é preciso fazer muita
coisa para ser considerado famoso. Vejam, por exemplo, os realities shows
presentes nas principais emissoras de TV. São programas deste tipo que levam a
juventude a se auto proclamar famosinha. O capital constrói valores fictícios
artificiais que acabam servindo para balizar as vidas de amplos setores da
população, em especial crianças e jovens.
Em última instância, o capital tenta
extirpar, de uma vez por todas, o conjunto de valores morais que pode impedir
sua expansão, e reprodução, ou seja, quaisquer valores que impeçam o ímpeto da
mais-valia. Estes rolezinhos são a prova cabal da falta de projetos que povoa
as mentes de crianças, jovens e adolescentes. Neste sentido, a sociedade
globalizada vem destruindo, um a um, todos os valores morais duramente
construídos através dos tempos pela humanidade. Vem extirpando das comunidades,
grupos étnicos e sociais, as tradições aspectos culturais, costumes e hábitos
secularmente consagrados, por banalizações impostas pela mais-valia. São os
sintomas claros da barbárie que desponta, ainda com mais evidência, no
horizonte do século XXI.
* Escritor. Geógrafo, mestre e doutor pela
Universidade Federal de Uberlândia. Professor e pesquisador das temáticas
“Alterações Climáticas” e “Impactos socioambientais sobre os ecossistemas
terrestres e aquáticos”. E-mail: pesquisa.fonseca@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário