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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Comemorar o que nesta Copa do Mundo?

Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
É decepcionante constarmos que a apenas vinte dias da realização da Copa do Mundo em nosso país, sentirmos que não existe o menor clima em relação ao evento. Pelo contrário, o clima que se percebe por todos os cantos deste nosso Brasil é de decepção, de medo e de frustração diante do escandaloso despejo de dinheiro dos cofres públicos para a realização de um evento esportivo, ao qual terão acesso apenas os setores abastados da população. Um esporte que nasceu no seio do povo mais simples, totalmente apropriado pelas elites econômicas do país. Um evento que serve apenas para reafirmar o gigantesco abismo da desigualdade social, do preconceito e do descaso gigantesco e total para com a “coisa pública” no Brasil.
O povo está na rua! Está na rua para mostrar a corrupção deslavada, os desvios de verbas, o descompromisso total para com a saúde, educação, transporte, infraestrutura de mobilidade urbana, moradia, desemprego e subemprego, dentre diversos outros fatores. No momento em que a mídia nacional e internacional chama para o Brasil todos os olhares do mundo, a população brasileira aproveita para mostrar às diversas nações do planeta as mazelas e descompromissos do Estado brasileiro e seus principais atores sociais. É o momento oportuno para iniciar o processo de passar a limpo todos os exemplos de descasos de nossos dirigentes e governantes.
Enfim, quantos bilhões de dólares estão sendo gastos com este evento dirigido para uma minoria? Quantos milhões de euros deixaram de ser aplicados em áreas prioritárias tais como escolas, hospitais, saneamento urbano, sistemas viários de mobilidade urbana? Não, meus caros leitores! O povo não está errado em absoluto! É um direito legítimo de a população indignar-se com este estado de coisas. Definitivamente, é mais que o momento de passarmos este país a limpo, de mostrarmos ao mundo que já não mais aceitamos a condição imposta de nação de “segunda categoria”, de extirparmos de nossos dicionários o termo medíocre de “Terceiro Mundo”.   


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador das temáticas “Alterações Climáticas” e “Impactos socioambientais sobre os ecossistemas terrestres e aquáticos”. Docente da Universidade de Uberaba – UNIUBE. pesquisa.fonseca@gmail.com

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