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quarta-feira, 19 de junho de 2013

A gente quer viver a liberdade!

Fonte: www.becodospoetas.com.br
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
“A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...”(Gonzaguinha)
A letra da canção “E´” de Gonzaguinha exprime, com propriedade o sentimento de indignação que atinge o povo brasileiro e, ao mesmo tempo leva grandes massas de jovens trabalhadores às ruas para protestar contra a série de descasos e arbitrariedades cometidas pelo Estado brasileiro contra a população do país.
Na verdade, por trás de uma suposta reivindicação simples (contra o aumento das tarifas dos transportes coletivos), está contido um sentimento altamente complexo do povo brasileiro acerca de uma série de medidas autoritárias e antidemocráticas tomadas unilateralmente contra a população, especialmente sua parcela mais carente. Há tempos, a população da nação vem sofrendo abusos de todos os tipos e de todos os matizes que vão desde maracutaias, desvios de verbas, descasos para com a saúde, educação, transporte, saneamento, dentre outras questões extremamente sérias. Aliado a todas estas mazelas, os “homens de preto”, responsáveis pela legislação brasileira vem desenvolvendo uma série interminável de atos ilícitos com o dinheiro público e contra o próprio povo, a exemplo do esquema de propinas, lavagem de dinheiro, corrupção, etc. E, o pior! Falando em nome do povo, de uma suposta justiça e de uma suposta democracia.
Os “homens de preto” acostumaram a tratar nossa gente como se ela fosse um bando de imbecis, desprovido da capacidade de raciocínio. E mais: como se o povo brasileiro jamais fosse capaz de reagir diante desse estado de coisas.  Quebraram a cara! As manifestações gigantescas que assolam o país vieram para mostrar que o povo se levantou para dizer um basta a toda esta política vexaminosa. A população que se encontrava praticamente amordaçada libertou-se de suas amarras e exige democracia de fato, democracia real.
A democracia pela qual os jovens clamam nas ruas é incompatível com as práticas hediondas seculares dos “homens de preto”. Eles não estão acostumados a consultar e dialogar com a juventude, com os trabalhadores, enfim, com o povão. A democracia exigida pela população nas ruas põe a nu a politicagem barata, desmascara os chefes dos esquemas ilícitos e, acima de tudo, visa a denunciar os fortes aparatos da corrupção ativa em nosso país. Por isso, a juventude afirma “a gente não quer só comida!”.
Neste sentido, o movimento legítimo das amplas massas nas ruas dos principais centros urbanos brasileiros vai muito além da denúncia de um simples aumento das passagens dos transportes coletivos. As manifestações exigem uma reviravolta no modo de se fazer política nesse país. Elas exigem o livre debate sobre as principais questões, cruciais para o povo brasileiro, e que vem sendo proteladas, jogadas para o último plano pelos “homens de preto”.  O país que começará a ser gestado após esta série de manifestações extremamente legítimas de amplos setores da população brasileira, com certeza não será o mesmo. O país que nascerá do apelo da juventude nas ruas do Brasil, com certeza será um modelo que busca a erradicação total da necrose e dos tumores que se instalaram no seio de nossa nação. A nossa juventude descobriu como e de que maneira lutar! Com toda a certeza, as manifestações de hoje, estão plantando e regando a semente da árvore da liberdade que, em tempo curtíssimo dará seus frutos para saciar a sede de um povo heroico e de brado retumbante.  


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com

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