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Fonte: www.becodospoetas.com.br |
Prof.
Dr. Valter Machado da Fonseca*
“A gente
quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...”(Gonzaguinha)
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...”(Gonzaguinha)
A letra
da canção “E´” de Gonzaguinha exprime, com propriedade o sentimento de
indignação que atinge o povo brasileiro e, ao mesmo tempo leva grandes massas
de jovens trabalhadores às ruas para protestar contra a série de descasos e arbitrariedades
cometidas pelo Estado brasileiro contra a população do país.
Na verdade,
por trás de uma suposta reivindicação simples (contra o aumento das tarifas dos
transportes coletivos), está contido um sentimento altamente complexo do povo
brasileiro acerca de uma série de medidas autoritárias e antidemocráticas
tomadas unilateralmente contra a população, especialmente sua parcela mais
carente. Há tempos, a população da nação vem sofrendo abusos de todos os tipos
e de todos os matizes que vão desde maracutaias, desvios de verbas, descasos
para com a saúde, educação, transporte, saneamento, dentre outras questões
extremamente sérias. Aliado a todas estas mazelas, os “homens de preto”,
responsáveis pela legislação brasileira vem desenvolvendo uma série interminável
de atos ilícitos com o dinheiro público e contra o próprio povo, a exemplo do
esquema de propinas, lavagem de dinheiro, corrupção, etc. E, o pior! Falando em
nome do povo, de uma suposta justiça e de uma suposta democracia.
Os “homens
de preto” acostumaram a tratar nossa gente como se ela fosse um bando de
imbecis, desprovido da capacidade de raciocínio. E mais: como se o povo
brasileiro jamais fosse capaz de reagir diante desse estado de coisas. Quebraram a cara! As manifestações gigantescas
que assolam o país vieram para mostrar que o povo se levantou para dizer um
basta a toda esta política vexaminosa. A população que se encontrava
praticamente amordaçada libertou-se de suas amarras e exige democracia de fato,
democracia real.
A democracia
pela qual os jovens clamam nas ruas é incompatível com as práticas hediondas
seculares dos “homens de preto”. Eles não estão acostumados a consultar e
dialogar com a juventude, com os trabalhadores, enfim, com o povão. A democracia
exigida pela população nas ruas põe a nu a politicagem barata, desmascara os
chefes dos esquemas ilícitos e, acima de tudo, visa a denunciar os fortes
aparatos da corrupção ativa em nosso país. Por isso, a juventude afirma “a
gente não quer só comida!”.
Neste sentido,
o movimento legítimo das amplas massas nas ruas dos principais centros urbanos
brasileiros vai muito além da denúncia de um simples aumento das passagens dos
transportes coletivos. As manifestações exigem uma reviravolta no modo de se
fazer política nesse país. Elas exigem o livre debate sobre as principais
questões, cruciais para o povo brasileiro, e que vem sendo proteladas, jogadas
para o último plano pelos “homens de preto”. O país que começará a ser gestado após esta
série de manifestações extremamente legítimas de amplos setores da população
brasileira, com certeza não será o mesmo. O país que nascerá do apelo da
juventude nas ruas do Brasil, com certeza será um modelo que busca a
erradicação total da necrose e dos tumores que se instalaram no seio de nossa
nação. A nossa juventude descobriu como e de que maneira lutar! Com toda a
certeza, as manifestações de hoje, estão plantando e regando a semente da
árvore da liberdade que, em tempo curtíssimo dará seus frutos para saciar a
sede de um povo heroico e de brado retumbante.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da
Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com
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