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quinta-feira, 20 de junho de 2013

As respostas que vêm das ruas (1)

Fonte: pupiladevidro.tumblr.com
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Insatisfação generalizada! Assim podemos definir a indignação da sociedade brasileira em relação ao descaso do Estado brasileiro para com as grandes problemáticas nacionais, tais como educação, saúde, moradia, transporte, habitação, saneamento, ética, compromisso para com o dinheiro público, dentre outras relevantes questões. Este é o escopo dos principais problemas levantados pela população do país, por intermédio das gigantescas manifestações que tomam conta dos principais centros urbanos do país.
Em meio às legitimas manifestações populares conseguimos perceber uma rejeição aos partidos políticos brasileiros e às centrais sindicais. Esta rejeição geral aos partidos políticos e aos sindicatos tem um significado pontual e muito importante. A população consegue perceber a ausência total de propostas para solucionar os mais graves problemas que assolam nosso povo e, ao mesmo tempo, não consegue mais detectar nenhuma diferença entre as diversas siglas partidárias vazias que, no fim das contas, só discutem seus próprios currais eleitorais e a divisão de cargos nos diversos escalões do governo em todos os níveis. Há quanto tempo o Congresso Nacional discutiu alguma coisa que viesse a beneficiar a sequer um setor da parcela mais carente da população do país? Há quanto tempo a pauta de reuniões do CN é marcada simplesmente por CPIs? A população e, em especial largos contingentes da juventude brasileira mostram que se cansaram e dizem um basta ao descaso geral para com os brasileiros. A juventude brasileira reivindica seu direito de opinar e de decidir seu próprio destino e o destino de sua nação.
Por outro lado, estes mesmos setores, altamente significativos, da sociedade brasileira já não veem nos sindicatos nenhuma ferramenta de luta pela manutenção e conquista de seus direitos, uma vez que os sindicatos se transformaram em instrumentos corporativos do Estado, ou seja, em meros aparelhos totalmente atrelados à estrutura corporativa do Estado, parecidos com os “velhos” sindicatos amarelos da Era Vargas. Os governos que se instalaram no país quiseram utilizar a velha fórmula de tutelamento da população brasileira, tomando decisões por ela, e se apropriando de seus suados recursos financeiros (na forma de impostos, propinas, desvios de verbas) para atender aos anseios dos megagrupos financeiros inter/multi/transnacionais.  
Esta nação tem dono!  
Esta é a frase capaz de sintetizar o pensamento de grande parte dos manifestantes que saem às ruas, aos milhares, nas maiores cidades do país. Os brasileiros nas ruas afirmam que vão tomar em suas mãos as rédeas da nação. Afirmam que a partir de agora, o mundo conhecerá um novo país, habitado por gente capaz de decidir seu próprio destino, seu próprio caminho. Este é um recado claro que vem das ruas e é bom que os politiqueiros profissionais de plantão não o ignorem, pois o povo descobriu a força que tem. Descobriu os motivos para lutar e como fazê-lo. Esperamos que o novo fio de esperança que brota do povo nas ruas faça brilhar o sol da liberdade dessa gente sofrida que habita esta terra deslumbrante chamada Brasil.


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com

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