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Fonte: pupiladevidro.tumblr.com |
Prof. Dr. Valter Machado
da Fonseca*
Insatisfação
generalizada! Assim podemos definir a indignação da sociedade brasileira em
relação ao descaso do Estado brasileiro para com as grandes problemáticas
nacionais, tais como educação, saúde, moradia, transporte, habitação,
saneamento, ética, compromisso para com o dinheiro público, dentre outras
relevantes questões. Este é o escopo dos principais problemas levantados pela
população do país, por intermédio das gigantescas manifestações que tomam conta
dos principais centros urbanos do país.
Em meio
às legitimas manifestações populares conseguimos perceber uma rejeição aos
partidos políticos brasileiros e às centrais sindicais. Esta rejeição geral aos
partidos políticos e aos sindicatos tem um significado pontual e muito
importante. A população consegue perceber a ausência total de propostas para
solucionar os mais graves problemas que assolam nosso povo e, ao mesmo tempo,
não consegue mais detectar nenhuma diferença entre as diversas siglas
partidárias vazias que, no fim das contas, só discutem seus próprios currais
eleitorais e a divisão de cargos nos diversos escalões do governo em todos os
níveis. Há quanto tempo o Congresso Nacional discutiu alguma coisa que viesse a
beneficiar a sequer um setor da parcela mais carente da população do país? Há
quanto tempo a pauta de reuniões do CN é marcada simplesmente por CPIs? A população
e, em especial largos contingentes da juventude brasileira mostram que se
cansaram e dizem um basta ao descaso geral para com os brasileiros. A juventude
brasileira reivindica seu direito de opinar e de decidir seu próprio destino e
o destino de sua nação.
Por outro
lado, estes mesmos setores, altamente significativos, da sociedade brasileira
já não veem nos sindicatos nenhuma ferramenta de luta pela manutenção e
conquista de seus direitos, uma vez que os sindicatos se transformaram em
instrumentos corporativos do Estado, ou seja, em meros aparelhos totalmente
atrelados à estrutura corporativa do Estado, parecidos com os “velhos”
sindicatos amarelos da Era Vargas. Os governos que se instalaram no país quiseram
utilizar a velha fórmula de tutelamento da população brasileira, tomando decisões
por ela, e se apropriando de seus suados recursos financeiros (na forma de
impostos, propinas, desvios de verbas) para atender aos anseios dos megagrupos
financeiros inter/multi/transnacionais.
Esta nação tem dono!
Esta é
a frase capaz de sintetizar o pensamento de grande parte dos manifestantes que
saem às ruas, aos milhares, nas maiores cidades do país. Os brasileiros nas
ruas afirmam que vão tomar em suas mãos as rédeas da nação. Afirmam que a
partir de agora, o mundo conhecerá um novo país, habitado por gente capaz de
decidir seu próprio destino, seu próprio caminho. Este é um recado claro que
vem das ruas e é bom que os politiqueiros profissionais de plantão não o ignorem,
pois o povo descobriu a força que tem. Descobriu os motivos para lutar e como
fazê-lo. Esperamos que o novo fio de esperança que brota do povo nas ruas faça
brilhar o sol da liberdade dessa gente sofrida que habita esta terra deslumbrante
chamada Brasil.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da
Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com
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