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Fonte: linhaslivres.wordpress.com |
Prof. Dr. Valter Machado
da Fonseca*
Ontem
(31/05/2013) assistindo ao noticiário da grande mídia na TV, me deparei com uma
matéria sobre a ocupação de terras pelos indígenas da etnia Terena no Mato
Grosso do Sul. É interessante verificar que os conflitos envolvendo terras
indígenas têm se tornado cada dia mais frequentes. A mídia destacou a repressão
policial contra os indígenas, a mando da justiça que fazia cumprir um mandado
de reintegração de posse impetrado pelos latifundiários da região central do
país. O confronto dos indígenas com as forças repressivas da polícia resultou
na morte de um dos indígenas, além de vários feridos.
Este
acontecimento serve, perfeitamente, para trazer à tona importantes reflexões
acerca da questão agrária no Brasil. É muito curioso analisarmos estes
conflitos, pois, no centro dos debates se situam as comunidades indígenas (o
pouco que ainda resta delas), as quais, se examinarmos a fundo a problemática,
são as verdadeiras e legítimas herdeiras das terras brasileiras, uma vez que
foram barbaramente segregadas de suas terras, em decorrência do processo de
colonização do território brasileiro pela Coroa Portuguesa. O latifúndio que se
instalou no país após o processo de colonização deixou um enorme rastro de
sangue, perseguições e assassinatos, não somente contra as comunidades
indígenas, mas também contra os pequenos produtores e coletores e/ou de todos
os que viviam da agricultura de subsistência nas terras brasileiras.
Também
é importante verificar o enorme contrassenso existente entre os latifundiários
brasileiros, que mesmo já possuindo uma imensidão de terras improdutivas (ou
pouco produtivas), ainda correm atrás de mais terras para aumentar suas posses,
pela imposição da polícia (braço armado do Estado capitalista) e/ou por
intermédio da grilagem de terras, método bárbaro e arcaico, porém impera até os
dias atuais em nosso país.
Diante
da nova e legítima ofensiva de diversas comunidades indígenas que resolveram
enfrentar as forças repressivas do Estado para retomarem suas terras, o debate
sobre a questão agrária no país ganha novo fôlego. Agora, os trabalhadores
rurais sem terra que atuavam praticamente sozinhos contra as forças do
latifúndio, ganham importantes aliados: as comunidades indígenas, legítimas
proprietárias das terras brasileiras.
Assim,
estas ações colocam mais uma vez em pauta a centralidade dos debates acerca da
política fundiária brasileira, como uma das autênticas formas de se avançar
rumo ao desenvolvimento econômico e em prol da minimização das desigualdades
sociais, herança maldita da enorme concentração de terras nas mãos de poucos
privilegiados que colocam importantes porções do território brasileiro a
serviço dos grandes grupos inter/multi/transnacionais que estão se lixando para
a nossa nação e o nosso povo.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pesquisador das temáticas
socioambientais e culturais que envolvem
os diversos povos que compõem a nação brasileira. pesquisa.fonseca@gmail.com
a reforma agraria está longe de acontecer. :(
ResponderExcluira reforma agraria está longe de acontecer. :(
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