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Fonte: porsimas.blogspot.com |
Prof. Dr. Valter Machado
da Fonseca*
Da última
vez que cheguei a São Paulo fiquei indagando a mim mesmo sobre o significado de
uma megalópole daquela suntuosidade. Ao observar o emaranhado de arranha-céus que
compõem aquele caos quase infernal, fiquei a imaginar onde seria a localização
exata do equilíbrio daquela cidade, quantos segredos estariam ocultos por entre
os labirintos infindáveis que compõem aquele caos. Fiquei a questionar quantas
pessoas estariam nascendo naquele instante, quantos estariam morrendo, sendo
acidentados, sendo assaltados, quantos estariam indo para o trabalho, quantos
estariam retornando para seus lares. Mas, a pergunta mais inquietante talvez
seja: por que diabos as pessoas se aglomeram como sardinhas em torno deste
fabuloso centro urbano.
Se formos
investigar mais a fundo, as pessoas consomem a maior parte de seu tempo somente
com o deslocamento para o trabalho, numa cidade da magnitude de São Paulo. Ao observarmos
as luzes desta megalópole, sua intensidade ofuscante, dá para termos uma ideia
da quantidade de energia consumida num centro urbano desta envergadura. Somente
pelo brilho intenso das luzes dá para imaginarmos a quantidade de atividades
humanas acontecem em apenas um minuto nesta cidade mundial.
Nestes
fantásticos centros urbanos, nos moldes de São Paulo, Nova Iorque, Cidade do
México, Pequim, Tóquio, dentre outras, parece que as pessoas não passam de
meros detalhes. Sob o ritmo frenético dessas localidades, as pessoas disputam
uma guerra cotidiana em busca apenas de condições ínfimas de sobrevivência. Aí,
convém perguntarmos a nós mesmos: qual a importância de realizar
cotidianamente, todas essas atribulações somente para nos mantermos vivos? Por que
as pessoas se afastaram tanto da natureza, para se aglutinarem uns sobre os
outros nestes centros urbanos “frios” e desumanos?
Pois bem,
caros leitores! Esta é a cidade grande! Estes são os seres humanos! Os grandes
centros urbanos do planeta, em especial as megalópoles, escondem em seus
labirintos uma enormidade de vidas ínfimas, de sentimentos, de dores e sofrimentos.
Mas, parece que a selva de pedra, cimento, vidro e aço é capaz também de
petrificar os seres humanos. É capaz de colocá-los a mercê de sua própria
incapacidade de retorno aos ambientes naturais, suas almas já se congelaram na
frieza do cimento armado.
É por
isso que, vez em quando, devemos contemplar as luzes da cidade em busca de
nossa própria luz interior, em busca de desbravar o emaranhado que compõem
nossas vidas e, quem sabe um dia consigamos desvendar nossa própria solidão. Quem
sabe as pessoas não se amontoam em busca da significação de sua própria
essência num mundo cercado de pedra e cimento armado, frio, opaco, vazio. Quem sabe,
um dia consigamos desvendar nossas luzes interiores e, quando conseguirmos
decifrá-las talvez, finalmente descubramos os grandes segredos que se encontram
envoltos no brilho intenso e frio das grandes cidades.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e doutor pela
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador da
Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com
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