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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Dinossauros estão presentes no imaginário cinematográfico do público desde 1914

Fonte: UOL (2016)



Por Rodolfo Stancki *
Crescer no início da década de 1990 era um sinônimo de conviver com um imaginário cultural repleto de dinossauros. Produções como Jurassic Park (1993), Os Flinstones (1994), Os Dinossauros Voltaram (1993), Carnossauro (1993) e A Família Dinossauro (1991) infestaram as salas de cinema e as vídeo locadoras. O fenômeno foi tema de capas de revistas, documentários e exposições em centros de convenção. Não era raro encontrar crianças – como eu – que adoravam repetir que, quando adultos, se tornariam paleontólogos.
O êxtase pelo mundo jurássico, que parece ter perdido força na última década, pode ganhar novo fôlego com a estreia de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros nesta semana. As criaturas pré-históricas já apareceram de forma discreta no quarto Transformers e no remake de Godzilla, em 2014. Este ano, elas ainda darão a cara na animação O Bom Dinossauro (2015), da Pixar e da Disney.
O ciclo de produções dos anos noventa não foi o único a explorar os répteis gigantes no cinema e criar uma febre em adultos e crianças. Essas criaturas se tornaram parte do repertório da cultura popular desde que foram descobertas, ainda no século XIX. No livro Dinossauros (2011), o paleontólogo David Norman afirma que a Europa ficou eufórica quando cientistas britânicos anunciaram que haviam descoberto fósseis de monstros do passado.
Da academia, o tema foi parar na boca do público, que garantia audiência para as exposições de ossadas em museus da época. Logo, romancistas como Arthur Conan Doyle passaram a imaginar se ainda haveria animais jurássicos por aí em obras como O Mundo Perdido (1912). A sétima arte, que no início do século XX havia visto George Méliès dar vida a seres fantásticos, se tornou a máquina do tempo capaz de recriar essas criaturas no mundo contemporâneo.
A animação Gertie – The Dinosaur (1914), um dos primeiros filmes a ter dinossauros na trama, é uma boa metáfora sobre a capacidade do cinema em materializar o mundo pré-histórico. No curta-metragem, o diretor Winsor McCay aposta com um grupo de amigos que pode dar vida a um brontossauro. O feito é obtido com a projeção do animal em desenho animado, que dança e brinca de acordo com os comandos do criador (veja abaixo).
No mesmo ano, D. W. Griffith dirigiria Brute Force (1914), um curta-metragem protagonizado por diferentes tribos de homens das cavernas. No meio dos conflitos, há uma cena com uma grande marionete do que parece ser um tiranossauro e outra com um monstro indefinido. O especialista em efeitos visuais Willis O’Brian, que ficaria conhecido pelo trabalho de animador em King Kong (1933), dirigiu outros três filmes desse pequeno ciclo de produções com dinossauros no cinema mudo. A animação em stop motion The Dinosaur and The Missing Link: A Prehistoric Tragedy (1917) mostra um homem-macaco que é morto ao tentar brincar com uma espécie de brontossauro.
Mais cômico e também em stop motion, R.F.D., 10,000 B.C. (1917) é protagonizado por um carteiro pré-histórico, que entrega as correspondências em uma carroça levada por um enorme lagarto. Enquanto trabalha, o personagem prega peças nos seus clientes até irritar o réptil que o carrega de um lado para o outro.
Por fim, The Ghost of Slumber Mountain (1918) mostra duas crianças que ouvem do tio uma história sobre um homem que sonha com fantasmas, aves gigantes e uma briga de um tiranossauro com um tricerátopo (veja abaixo). O filme, que mistura stop motion com atores, antecipa o que se tornaria o maior fenômeno cinematográfico da época: o grandioso O Mundo Perdido (1925), dirigido por Harry O. Hoyt e com efeitos especiais de O’Brian.
O impacto dessa primeira adaptação da obra homônima de Conan Doyle seria tão grande que se tornaria a referência imediata para o gênero da fantasia no cinema. A cena em que um brontossauro gigante destrói Londres é, até hoje, maravilhosa diante dos olhos de um espectador deslumbrado pelo mundo jurássico. Que essa nova leva de produções com dinossauros consiga manter esse fascínio do público pelos grandes monstros do passado.


* Rodolfo Stancki é jornalista e consome filmes de horror desde criança, com predileção por tramas com monstros e efeitos visuais práticos. É autor da dissertação "A Representação Social do Cinema de Horror", defendida na UEPG. Atualmente, pesquisa o gênero cinematográfico no doutorado em Tecnologia, na UTFPR, e leciona na Escola de Comunicação do UniBrasil Centro Universitário.

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