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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Que pesquisas são feitas nas universidades brasileiras nos dias de hoje?

Fonte: Worpress (2016)



Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Quero iniciar estes reflexões sobre as pesquisas hoje realizadas nas universidades brasileiras, a parti da contribuição de Marcia McNutt, editora-chefe da revista Science, por intermédio de uma entrevista concedida por ela ao jornal “O Estado de São Paulo”, recentemente. Pois bem! Ela afirma que “A ciência brasileira precisa ser mais corajosa e mais ousada se quiser crescer em relevância no cenário internacional [...] Para criar essa coragem, diz ela, é preciso aprender a correr riscos, e aceitar a possibilidade de fracasso como um elemento intrínseco do processo científico”.
A afirmação de McNutt é extremamente relevante para que possamos compreender o tipo de pesquisa científica desenvolvida hoje no Brasil. Realizar uma boa pesquisa é correr riscos, pois, um investigação relevante exige que busquemos o ineditismo e isto demanda a saída ou fuga de nossa zona de conforto, de adentrarmos numa zona de submissão ao risco e às incertezas advindas do erro. Para se realizar uma pesquisa de grande referência temos que ousar e nos colocarmos também em exposição a uma condição de fracasso. Pois, se todos os pesquisadores tivessem plena convicção da certeza de suas hipóteses, não necessitaríamos pesquisar, pois, já teríamos uma verdade estabelecida e consolidada. Uma boa pesquisa nos convida a enfrentar as zonas de incertezas e fraquezas teóricas e conceituais. Exigem que evitemos as linhas de menor resistência, que façamos análises de profundidade e escavemos com ousadia a realidade.
Aqui, vale a pena destacar mais uma afirmação de McNutt no artigo do Estadão: Quando as pessoas são penalizadas pelo fracasso, ou são ensinadas que fracassar não é um resultado aceitável, elas deixam de arriscar." E quem não arrisca, diz ela, não produz grandes descobertas - produz apenas ciência incremental, de baixo impacto, que é o perfil geral da ciência brasileira atualmente. O que ajuda a explicar porque os pesquisadores brasileiros têm dificuldade ainda para emplacar trabalhos em revistas de alto impacto, como a Science, apesar do grande avanço no número de trabalhos científicos publicados pelo País em revistas indexadas nas últimas décadas.
Neste sentido, ela toca no epicentro, no ponto nevrálgico da ciência brasileira e seus pesquisadores. Eles preferem gastar fortunas em algo já consolidado, agregando a isto alguma pequena inovação, o que lhe renderá uma publicação que o levará a cumprir as metas das agências de fomento. E, diante disso, o Brasil nem entra no ranking das principais pesquisas mundiais. Então, cabe a nós pesquisadores engajados com experimentos ousados, a busca constante do ineditismo e fugir da produção em série de artigos determinada pelas principais agências de fomento do nosso país. É preciso ousar, ousar sempre!
Diante disso, quero terminar esta reflexão com mais uma contribuição da editora-chefe da Science: “Os cientistas têm medo de se arriscar em projetos mais complexos porque, no final das contas, são julgados mais pelo número de trabalhos que publicam do que pela qualidade ou relevância de suas publicações. E é por isso que o Brasil até hoje não ganhou um prêmio Nobel e tem dificuldade para publicar trabalhos em revistas de alto impacto, etc.” Assim, meus caros amigos, é preciso quebrar esta lógica, subverter esta ordem e procurar realizar investigações ousadas, capazes de colocar o país na lista das grandes pesquisas mundiais, o que refletirá em diversos setores de nosso país, principalmente na Educação.  

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