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Fonte: Worpress (2016) |
Prof. Dr. Valter Machado da
Fonseca
Quero iniciar estes reflexões
sobre as pesquisas hoje realizadas nas universidades brasileiras, a parti da
contribuição de Marcia McNutt,
editora-chefe da revista Science, por intermédio de uma entrevista concedida
por ela ao jornal “O Estado de São Paulo”, recentemente. Pois bem! Ela afirma
que “A ciência brasileira precisa ser
mais corajosa e mais ousada se quiser crescer em relevância no cenário
internacional [...] Para criar essa coragem, diz ela, é preciso aprender a
correr riscos, e aceitar a possibilidade de fracasso como um elemento
intrínseco do processo científico”.
A afirmação de McNutt é extremamente relevante para
que possamos compreender o tipo de pesquisa científica desenvolvida hoje no
Brasil. Realizar uma boa pesquisa é correr riscos, pois, um investigação
relevante exige que busquemos o ineditismo e isto demanda a saída ou fuga de
nossa zona de conforto, de adentrarmos numa zona de submissão ao risco e às
incertezas advindas do erro. Para se realizar uma pesquisa de grande referência
temos que ousar e nos colocarmos também em exposição a uma condição de
fracasso. Pois, se todos os pesquisadores tivessem plena convicção da certeza
de suas hipóteses, não necessitaríamos pesquisar, pois, já teríamos uma verdade
estabelecida e consolidada. Uma boa pesquisa nos convida a enfrentar as zonas
de incertezas e fraquezas teóricas e conceituais. Exigem que evitemos as linhas
de menor resistência, que façamos análises de profundidade e escavemos com
ousadia a realidade.
Aqui, vale a pena destacar mais
uma afirmação de McNutt no artigo do Estadão: “Quando
as pessoas são penalizadas pelo fracasso, ou são ensinadas que fracassar não é
um resultado aceitável, elas deixam de arriscar." E quem não arrisca, diz
ela, não produz grandes descobertas - produz apenas ciência incremental, de
baixo impacto, que é o perfil geral da ciência brasileira atualmente. O que
ajuda a explicar porque os pesquisadores brasileiros têm dificuldade ainda para
emplacar trabalhos em revistas de alto impacto, como a Science, apesar do
grande avanço no número de trabalhos científicos publicados pelo País em
revistas indexadas nas últimas décadas.
Neste
sentido, ela toca no epicentro, no ponto nevrálgico da ciência brasileira e
seus pesquisadores. Eles preferem gastar fortunas em algo já consolidado,
agregando a isto alguma pequena inovação, o que lhe renderá uma publicação que
o levará a cumprir as metas das agências de fomento. E, diante disso, o Brasil
nem entra no ranking das principais pesquisas mundiais. Então, cabe a nós
pesquisadores engajados com experimentos ousados, a busca constante do
ineditismo e fugir da produção em série de artigos determinada pelas principais
agências de fomento do nosso país. É preciso ousar, ousar sempre!
Diante
disso, quero terminar esta reflexão com mais uma contribuição da editora-chefe
da Science: “Os cientistas têm medo de se
arriscar em projetos mais complexos porque, no final das contas, são julgados
mais pelo número de trabalhos que publicam do que pela qualidade ou relevância
de suas publicações. E é por isso que o Brasil até hoje não ganhou um prêmio
Nobel e tem dificuldade para publicar trabalhos em revistas de alto impacto, etc.”
Assim, meus caros amigos, é preciso quebrar esta lógica, subverter esta ordem e
procurar realizar investigações ousadas, capazes de colocar o país na lista das
grandes pesquisas mundiais, o que refletirá em diversos setores de nosso país,
principalmente na Educação.
Referência: McNUTT, M. Ciência
brasileira precisa ser mais ousada, diz editora-chefe da Science. Disponível
em: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,a-ciencia-brasileira-tem-de-ser-mais-ousada-imp-,1102043.
Acesso em: 24 de dezembro de 2013.
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