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Fonte: www.flickr.com |
Prof. Dr. Valter Machado
da Fonseca*
O que é
o amor? Esta é uma excelente pergunta, porém, de dificílima resposta. Muitos
confundem o ato de amar as pessoas, com a simples transferência de
responsabilidades dos outros para si. Há os que acham que amar é decidir
caminhos para outros trilharem. Quantas vezes não vemos pais escolhendo
profissões para seus filhos, como se esta fosse uma fórmula mágica capaz de
desvendar os caminhos para a felicidade. Às vezes, bem lá no íntimo, talvez
estas pessoas, estejam esperando resolver suas próprias frustrações, ou então
tentando fazer com que seus filhos sejam à sua imagem e semelhança. Existem,
ainda, aquelas pessoas que confundem o amor com super-proteção, ou seja, tentam
isolar as pessoas que amam de todos os perigos do mundo e da vida, como se elas
pudessem viver em um mundo paralelo, distante da realidade da vida. Este talvez
seja um dos piores equívocos que alguém pode cometer, pois, ao agir assim, ao isolar
a pessoa da realidade concreta, na verdade estar-se-á ceifando dessa pessoa a
capacidade de lidar com o real, de enfrentamento dos problemas do mundo e da
vida.
Então,
insistimos, o que é o amor? Esta é uma palavra abstrata, subjetiva, que poucas
pessoas podem ter uma singela noção do seu significado, outras nem isso. Para
se construir a idéia desta noção, é preciso, em primeiro lugar, desarmar o
coração. O amor talvez seja o ato da busca de compreensão do outro sem pedir
nada em troca. Talvez seja a capacidade de ouvir o outro, solidarizar-se com
ele e se entregar com ele na busca de soluções para seus problemas.
Possivelmente seja a capacidade de enxergar a beleza num lugar onde a maioria
enxerga o escuro, o feio. Pode ser a capacidade de compreender o mundo por
intermédio da simplicidade, talvez seja o poder de ver o “belo” no simples,
fugir da luxúria, da avareza, da arrogância barata, da hipocrisia. Amar pode
ser o simples ato de perceber e admirar as coisas belas do mundo e da vida.
Mas, para que cheguemos próximo da noção do ato de amar, em primeiro lugar é
necessário que nos aceitemos, que percebamos a nós mesmos como pessoas que
sejam sujeitos de sua própria história. Talvez, o amor seja o desejo de
exercitar nossa capacidade de “ser”, em detrimento do “estar” no mundo e
participando ativamente da dinâmica desse mundo.
Então,
podemos inferir que existem centenas de maneiras de construirmos a noção de
amor. E, todas elas passam pelo exercício de desarmar o coração, de buscar no
fundo de nossa existência, a nossa essência, enquanto sujeitos atuantes no
sentido de transformação da realidade individual e, acima de tudo, do coletivo,
da sociedade ou do grupo social no qual vivemos. É preciso, antes de tudo,
termos a convicção de nosso estado de incompletude e, adquirindo tal concepção,
construir o esforço para alcançar a percepção de nossas tarefas e de nosso
lugar neste mundo de homens e de coisas. Assim, ao avançarmos no sentido de
compreender o nosso lugar no mundo, estaremos, sem dúvida alguma, justificando
nossa existência e, ao fazermos isto, com certeza estaremos dando um passo
decisivo para a apreensão da noção da subjetividade existente na noção do
vocábulo chamado de amor. O amor pode ser simples como uma bela canção! Basta
que estejamos de coração aberto para ouvi-la!
*
Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor
pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pós-Doutorando pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com
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