Prof. Dr. Valter
Machado da Fonseca
Elementos
para uma introdução
Pensar
na temática “Formação de professores”, em qualquer contexto, em qualquer tempo
nunca foi uma tarefa simples. Ainda mais quando situamos tal tarefa nos tempos
presentes. Tempos em que a própria escola encontra-se instável, no momento em
que ela não consegue se identificar no tênue espelho da realidade marcada por
fatos que ocorrem quase que de forma instantânea, onde o conteúdo a ser ministrado
na aula de hoje sairá no noticiário de amanhã. Esta tarefa se agiganta mais e
mais quando a relação espaço/tempo se comprime segundo a lógica tresloucada da
grande quantidade de informações que saltam aos nossos olhos, sem que tenhamos,
sequer, o tempo suficiente para processá-las, decifrá-las.
Como
pensar em formação de professores num tempo e num espaço que se nos apresentam
quase que de forma virtual, num plano paralelo ao mundo real? Como falar de
formação docente num tempo onde a violência urbana de adentrou à escola,
tomando-se por ela, tornando-se parte integrante, indivisível do cotidiano
escolar? Qual o terreno real, palpável, firme e sólido onde podemos nos embasar
para tecer um projeto honesto de formação docente? Como fugir da areia movediça,
cujo substrato se edifica sobre uma série de saberes e conhecimentos enlatados,
em grande parte das vezes, ditado pelos grandes veículos de comunicação de
massas?
Esta
série de indagações nos inquieta quando pensamos na “Formação de Professores”
que fuja do receituário clássico do óbvio, das cartilhas encomendadas pelos
órgãos e repartições estatais. As inquietações se agigantam com a enorme
turbulência gerada por uma gama altamente diversificada de confusões, oriunda
de uma educação que teima e persiste em permanecer na mesmice, nas “receitas de
bolo”. A tal “Formação de Professores” torna-se estranhamente distante de nós
quando nos deparamos com livros e materiais didáticos que filtram de tal forma
deturpada o conhecimento produzido nos centros de pesquisa, sob a alegação de
realizar a “Transposição didática”, com o intuito de atingir os docentes da
Educação Básica, mas, no fundo, tornam estes saberes e conhecimentos tão
rasteiros e superficiais que chegam a banalizar a profissão docente.
E
as metas estabelecidas pelos órgãos educacionais do Estado?
Inúmeras
e diversas são elas. Se analisarmos, profundamente (às vezes nem precisa ser
tão profundo) as metas estabelecidas pelos organismos gestores da educação no
Brasil, veremos que se trata de um conjunto de medidas que não visam, sob
hipótese alguma, a quaisquer melhorias do processo educacional vigente no país,
mas, elas tratam, sobretudo, de metas que interessam somente aos coletores de
dados que objetivam a confecção de gráficos e tabelas que irão justificar os
projetos educacionais planejados por um punhado de gestores, muitos dos quais
nunca pisaram em uma sala de aula de uma universidade, quiçá na Educação
Básica. É por tudo isso, que pensar num projeto sério e
honesto de “Formação de Professores” não é uma tarefa singela, mas, muito ao
contrário, trata-se de uma atividade altamente complexa, onde os próprios
formadores precisam ser formados.
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