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domingo, 7 de julho de 2013

SEMPRE É BOM REGRESSAR!

Fonte: paginadepoesia.blogspot.com
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Nada melhor do que ter um local para regressar. Assim como o navio procura o caís, todos nós temos a necessidade de retornar a um porto seguro, ao local que nos acolhe, onde podemos nos recolher em nossa intimidade mais profunda, onde podemos vasculhar nossas lembranças, realizar nossos balanços cotidianos.
É sempre bom atracarmos em um porto seguro, onde possamos restituir nossa força interna, mergulharmos nas águas puras e cristalinas de nossa essência humana. Em nosso porto seguro, é importante encontrarmos a energia que nos renova, é essencial nos juntarmos à energia da pessoa que mais amamos, que nos completa na existência e na essência, que traz consigo aquela luz, a energia necessária à nossa sobrevivência, a qual vai muito além de nossa manutenção enquanto espécie, mas como autênticos seres humanos. E o que é ser um humano?
Ser um humano vai muito além de nossa percepção enquanto raça humana (aliás, a única raça que existe no terreno da “razão”), ou seja, vai no sentido de nossa percepção como parte de um todo constituído de múltiplas essências, ao contrário de outro todo fragmentado em infinitas aparências. A nossa condição humana é a força energética que nos diferencia do mundo de superfluidades e superficialidades, de banalidades. A condição humana é constituída de projetos que tenham por base a significação mais íntima da verdadeira essência humana. E, estes projetos devem se edificar sobre processos de busca interior que nos levem aos caminhos da construção de alternativas significativas de formas de consciência de se perceber dentro de um mundo onde o “ser” deve prevalecer sobre o “estar” e o “ter”. Somente quando conseguirmos decifrar o significado da nobreza de nossa real essência no mundo construiremos, de fato, um caminho para avançar na direção da edificação de nossa condição humana.
Então, para alcançarmos nossa condição humana é preciso que decifremos nossa real essência enquanto seres viventes no mundo. E, para isso, torna-se altamente relevante o retorno ao nosso porto seguro. Por isso, faz-se urgente, sempre, regressar. Mas, para que regressemos também é imprescindível que tenhamos um local que nos complete como seres inacabados, que nos energize e que nos dê os fluídos essenciais para a caminhada preponderante rumo à edificação de nossa própria condição humana. Então, a busca da condição humana se liga, diretamente, ao ir e vir às nossas origens, o que requer um balanço total e cotidiano de nossa existência no mundo. Caso contrário, passaremos no mundo simplesmente por passar. Passaremos sem jamais nos apercebermos nosso objetivo real num mundo onde predomina a aparência em detrimento da essência. Num mundo onde o verdadeiro significado da condição humana é constantemente substituído pela banalidade, superficialidade e pela condição bestial de tentar a realização ilusória do “ter” em detrimento do “ser”. Assim, o homem perde para sempre sua condição humana, para aceitar sua condição medíocre de apenas mais um ser vivo sobre a face do Planeta Terra.      


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com

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