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sexta-feira, 19 de julho de 2013

USO, CONSERVAÇÃO E MANEJO DOS SOLOS

Foto: Início de um processo de erosão linear do solo                  Fonte: Arquivo pessoal Prof. Valter Fonseca
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Antigamente, seja no processo de ocupação do solo urbano, como na zona rural, não existia grande preocupação quanto às técnicas utilizadas ao uso e manejo deste recurso natural altamente preponderante, não somente para as atividades humanas, mas, sobretudo, pela própria manutenção da vida do conjunto de todas as espécies de seres vivos (flora e fauna) existentes na face do planeta.
Esta despreocupação se constatava exatamente pela ausência de tecnologia de ponta aplicada ao manejo dos recursos naturais, como também devido ao fato de as atividades agropecuárias visarem simplesmente à subsistência, aliada à pequena quantidade de pessoas residentes na cidade, o que não demandava grande volume de tecnologias voltadas para o uso e o manejo do solo urbano.
Em função destes aspectos elencados, os processos erosivos relativos ao uso e manejo do solo eram pequenos e a erosão era quase que apenas um fenômeno natural, associada à dinâmica externa da terra, necessária à edificação da modelagem do relevo terrestre.
Mas, como é que os processos erosivos associados ao uso do solo se acentuaram?
O agravamento dos processos erosivos tanto nos solos urbanos quanto agrários ocorreu devido ao aprimoramento de novas técnicas aplicadas às atividades agropecuárias, às novas tecnologias da construção civil, associadas à ausência de um planejamento correto do uso do solo. Todos estes fatores também se associam ao aumento acelerado e vertiginoso das populações urbanas, o que tem ocasionado práticas altamente condenáveis, principalmente no uso e ocupação do espaço urbano, o que tem gerado áreas de instabilidade, áreas de risco, surgimento de grande número de núcleos de favelas, construções em áreas alagadas e em encostas e vertentes.
No campo, os pacotes tecnológicos de insumos e agrotóxicos, associados à má gestão do solo, por intermédio de práticas que visam apenas o lucro imediato, sem levar em consideração a utilização de um planejamento alicerçado em práticas preservacionistas, têm provocado, cada vez mais, a aceleração dos processos naturais de erosão do solo, além de criar as condições para o surgimento de processos erosivos em locais de solos frágeis e zonas de instabilidade geológica e geomorfológica.
Então, podemos afirmar que a erosão dos solos não é um evento novo, o que há de novo nestes processos é o fornecimento da energia de aceleração destes processos em função de atividades antrópicas que não obedecem a nenhum critério e metodologia adequada em relação ao uso e manejo corretos e eficientes e ocupação dos solos sejam eles localizados no campo ou nas cidades.
Discutir os temas relacionados ao uso e manejo corretos do solo implica em não procurar as linhas de menor resistência ou mesmo em abandonar o debate sobre as questões polêmicas que envolvem tal problemática. Significa, acima de tudo, em ir ao cerne da discussão, apontando as práticas incorretas, as metodologias inconsistentes de grande número de pesquisas sobre esta importante temática. Enfim, tratar das questões relativas aos processos erosivos no solo, significa realizar uma análise meticulosa e cuidadosa de todas as variáveis envolvidas nesta problemática de forma separada e em seu conjunto. Significa analisar aspectos relativos ao clima, vegetação, índices de precipitações pluviométricas, tipos de solos, relevo, declividade do terreno, aspectos topográficos, ângulo de inclinação de vertentes, recursos hídricos, encaixamentos de bacias de drenagem, dentre outros importantes fatores ligados a este evento. Esperamos que este capítulo seja importante para o seu aprimoramento profissional e que, ao mesmo tempo contribua para o correto planejamento acerca do trato deste relevante recurso natural: o solo e o conjunto de outros recursos naturais a ele associados.


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).  Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com

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