Foto: Início de um processo de erosão linear do solo Fonte: Arquivo pessoal Prof. Valter Fonseca |
Prof. Dr. Valter
Machado da Fonseca*
Antigamente,
seja no processo de ocupação do solo urbano, como na zona rural, não existia
grande preocupação quanto às técnicas utilizadas ao uso e manejo deste recurso
natural altamente preponderante, não somente para as atividades humanas, mas,
sobretudo, pela própria manutenção da vida do conjunto de todas as espécies de
seres vivos (flora e fauna) existentes na face do planeta.
Esta
despreocupação se constatava exatamente pela ausência de tecnologia de ponta
aplicada ao manejo dos recursos naturais, como também devido ao fato de as
atividades agropecuárias visarem simplesmente à subsistência, aliada à pequena
quantidade de pessoas residentes na cidade, o que não demandava grande volume
de tecnologias voltadas para o uso e o manejo do solo urbano.
Em
função destes aspectos elencados, os processos erosivos relativos ao uso e
manejo do solo eram pequenos e a erosão era quase que apenas um fenômeno
natural, associada à dinâmica externa da terra, necessária à edificação da
modelagem do relevo terrestre.
Mas,
como é que os processos erosivos associados ao uso do solo se acentuaram?
O
agravamento dos processos erosivos tanto nos solos urbanos quanto agrários
ocorreu devido ao aprimoramento de novas técnicas aplicadas às atividades
agropecuárias, às novas tecnologias da construção civil, associadas à ausência
de um planejamento correto do uso do solo. Todos estes fatores também se
associam ao aumento acelerado e vertiginoso das populações urbanas, o que tem
ocasionado práticas altamente condenáveis, principalmente no uso e ocupação do
espaço urbano, o que tem gerado áreas de instabilidade, áreas de risco,
surgimento de grande número de núcleos de favelas, construções em áreas
alagadas e em encostas e vertentes.
No
campo, os pacotes tecnológicos de insumos e agrotóxicos, associados à má gestão
do solo, por intermédio de práticas que visam apenas o lucro imediato, sem
levar em consideração a utilização de um planejamento alicerçado em práticas
preservacionistas, têm provocado, cada vez mais, a aceleração dos processos
naturais de erosão do solo, além de criar as condições para o surgimento de
processos erosivos em locais de solos frágeis e zonas de instabilidade
geológica e geomorfológica.
Então,
podemos afirmar que a erosão dos solos não é um evento novo, o que há de novo
nestes processos é o fornecimento da energia de aceleração destes processos em
função de atividades antrópicas que não obedecem a nenhum critério e
metodologia adequada em relação ao uso e manejo corretos e eficientes e
ocupação dos solos sejam eles localizados no campo ou nas cidades.
Discutir
os temas relacionados ao uso e manejo corretos do solo implica em não procurar
as linhas de menor resistência ou mesmo em abandonar o debate sobre as questões
polêmicas que envolvem tal problemática. Significa, acima de tudo, em ir ao
cerne da discussão, apontando as práticas incorretas, as metodologias
inconsistentes de grande número de pesquisas sobre esta importante temática.
Enfim, tratar das questões relativas aos processos erosivos no solo, significa
realizar uma análise meticulosa e cuidadosa de todas as variáveis envolvidas
nesta problemática de forma separada e em seu conjunto. Significa analisar
aspectos relativos ao clima, vegetação, índices de precipitações
pluviométricas, tipos de solos, relevo, declividade do terreno, aspectos
topográficos, ângulo de inclinação de vertentes, recursos hídricos,
encaixamentos de bacias de drenagem, dentre outros importantes fatores ligados
a este evento. Esperamos que este capítulo seja importante para o seu
aprimoramento profissional e que, ao mesmo tempo contribua para o correto
planejamento acerca do trato deste relevante recurso natural: o solo e o conjunto
de outros recursos naturais a ele associados.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor
pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com
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