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Fonte: Arquivo Prof. Valter Machado da Fonseca (2010) |
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Fonte: Arquivo Prof. Valter Machado da Fonseca (2010) |
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Fonte: Arquivo Prof. Valter Machado da Fonseca (2010) |
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Foto: Cachoeira na Serra da Canastra Fonte: Arquivo Prof. Valter Machado da Fonseca (2010) |
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Foto: Cachoeira na Serra da Canastra Fonte: Arquivo Prof. Valter Machado da Fonseca (2010) |
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Foto: Vegetação da nascente do São Francisco Fonte: Arquivo Prof. Valter Machado da Fonseca (2010) |
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
O temor do racionamento de energia, como
acontece em quase todos os anos, é um dos assuntos preferidos pela mídia neste
início de 2013. Isto acontece, em primeiro lugar, porque o Brasil é altamente
dependente da energia hidrelétrica, ou seja, da energia gerada a partir do
potencial hidrológico de nossos corpos d’água de superfície. Os rios
brasileiros possuem grande potencial hidráulico para a geração de energia
devido ao grande volume de águas que eles comportam. No território brasileiro
estão localizadas as maiores bacias hidrográficas do mundo. Vale destacar a
bacia hidrográfica amazônica (a maior do mundo), a bacia do Paraná, a bacia do
São Francisco, do Rio Grande, dentre outras. Podemos definir uma bacia
hidrográfica como a área delimitada a partir do complexo hidrológico formado pelo
rio principal e seus tributários (afluentes). Todo corpo d’água de superfície
possui um bacia de drenagem e uma bacia de inundação.
E por que, mesmo apesar de
às vezes acontecer grandes volumes de precipitações pluviométricas (chuvas), os
reservatórios continuam com níveis abaixo do normal? Isto se deve a diversos fatores, como por
exemplo: (a) chuvas muito rápidas e concentradas, geralmente são ineficientes
para aumentar o volume dos rios e encherem os reservatórios. Pois, este tipo de
precipitação pluviométrica escorre muito rapidamente pelo solo, não havendo
prazo suficiente para a infiltração da água no solo, o que impede o aumento dos
níveis dos lençóis freáticos que irão alimentar os corpos d’água. (b) As chuvas
localizadas nas regiões intermediárias das bacias hidrográficas. Estas
precipitações também são ineficientes, pois, não atingem as zonas de recarga
dos corpos d’água e escorrem superficialmente não aumentando os níveis dos
rios, córregos e ribeirões. Então, para que o volume de precipitações seja
suficiente para elevar os níveis dos corpos d’água, elas têm que ocorrer nas
regiões e locais corretos, isto é, elas têm que atingir as zonas de recarga dos
mananciais: cabeceiras dos rios, córregos e ribeirões, áreas rebaixadas das
bacias de drenagem, áreas de recargas como os subsistemas de veredas, etc.
Então, muitas vezes volumes excessivos de
chuvas não significam aumento dos volumes dos rios e dos níveis dos
reservatórios das hidrelétricas. Além de ser essencial o volume correto de
precipitações, faz-se necessário que ele ocorra nas regiões e locais de
alimentação das zonas de recarga dos corpos d’água. Neste sentido, as precipitações
têm que ser abundantes, frequentes e num ritmo gradual, permitindo a
infiltração constante de água no solo, de maneira a manter o abastecimento do
lençol freático.
Outros fatores que têm agravado o volume,
ritmo, velocidade, frequência e localização correta das precipitações são os
impactos antropogênicos sobre os sistemas aquático-terrestres. Ou seja, a ação
desordenada do homem sobre as matas ciliares (muitas vezes removendo totalmente
estas vegetações), os impactos sobre os rios e demais corpos d’água de
superfície por intermédio de atividades de mineração de areias e cascalhos,
provocando o assoreamento desses mananciais; a remoção das vegetações das
cabeceiras dos rios, córregos, ribeirões e riachos e /ou remoção das vegetações
das nascentes desses corpos d’água. Então, aliada aos fatores naturais que
incidem sobre os tipos e volumes das precipitações, a ação antrópica
desordenada do homem sobre os recursos hídricos e vegetações a eles associados
têm provocado diminuições drásticas no volume, velocidade, ritmo, quantidade,
localização e frequência destas precipitações.
Diante do exposto, torna-se preponderante
que o homem tome ciência dos cuidados que deverão ser despendidos no trato com
os recursos da natureza, pois, a água potável tem se transformado em recurso
raro e, quem sabe, dentro de pouco tempo haveremos de pagar caro por nossa
irresponsabilidade, por meio de um desequilíbrio letal no ecossistema
terrestre, o que poderá provocar um desequilíbrio ambiental sem retorno,
colocando em risco a continuidade de inúmeras espécies de seres vivos e dentre
elas, o próprio ser humano.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e
Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pós-Doutorando pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com
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