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Foto: Ambiente externo da boate destruída pela catástrofe. Fonte: sistema103.com |
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
O Brasil inteiro amanheceu chocado com os
trágicos acontecimentos ocorridos na madrugada deste sábado último (dia 26/01/2013)
na Boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria. O que era para ser diversão,
descontração, transformou-se na segunda maior tragédia ocorrida em território
brasileiro, ficando atrás apenas do gigantesco incêndio ocorrido no Gran Circo
de Niterói (RJ) em 1961. Em menos de 3 minutos as chamas tomaram conta de todo
o recinto interno da boate, liberando uma incalculável quantidade de fumaça
tóxica. Até o presente momento já foram computadas 231 vítimas fatais e 87
feridos em estado grave.
Um dos aspectos que mais alarmou nesta
horrenda catástrofe refere-se ao perfil da grande maioria dos vitimados pela
fumaça tóxica: a imensa maioria era constituída de jovens universitários da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com idades entre 16 e 23 anos. As cenas
retratadas pelos veículos de comunicação brasileiros, em especial a TV,
mostraram o imenso desespero de famílias inteiras, também vitimadas pela perda
dolorosa de seus entes queridos. Apesar das cenas de horror, não dá jamais,
para medir a dor de pais que perderam 2, 3 filhos e parentes neste monstruoso e
inescrupuloso incêndio.
A aflição e o desespero dos pais e demais
parentes das vítimas levam, inapelavelmente, à busca frenética, desesperada,
por culpados. Mas, qualquer conclusão tirada em momentos de intenso desespero
pode levar a erros grosseiros e a acusações, muitas vezes, equivocadas. Mas,
não dá para dizer isto às famílias inconsoláveis das vítimas, mergulhadas no
abismo da mais profunda dor e sofrimento. O caso deste incêndio é o retrato de
milhares de festas que ocorrem pelo país afora, organizadas por jovens da mesma
faixa etária. Infelizmente, nestas festinhas, sejam em boates ou em outros
locais alternativos, na maioria das ocasiões, são regadas por muita bebida,
muitas vezes drogas e por uma dosagem excessiva de irresponsabilidade.
Por outro lado, este episódio leva-nos a
questionar também as condições de segurança de inúmeras casas de espetáculos, boates,
teatros, dentre outros locais de diversão públicos existentes em nosso país. Em
grande parte destes estabelecimentos recreativos, as condições máximas de
segurança estão muito aquém do mínimo exigido pela legislação. E, isto não
ocorre apenas em Santa Maria, mas é um fato recorrente no país inteiro.
Diante dessa gigantesca tragédia, é
importante ficar um recado para os nossos jovens: o mundo na vai acabar amanhã,
portanto, a diversão também deve ser um ato para muito além do prazer. É um ato
que requer responsabilidade, pois, além da gurizada que se preocupa com a mera
diversão em boates e casas de show, em suas residências ficam pais, parentes e
famílias inteiras de plantão, à espera do retorno dos filhos a seus lares. É preciso
lembrar sempre que o ato da diversão deve ficar dentro dos limites da
responsabilidade. Com toda certeza, este acontecimento em Santa Maria jamais
cicatrizará nos corações dos pais que perderam seus filhos. Dos pais que ficarão
eternamente à espera dos filhos que jamais regressarão a seus lares. Não deixem
que estas centenas de vidas tenham sido perdidas em vão. Pensem e reflitam,
enquanto ainda podem.
*
Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor
pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pós-Doutorando pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com
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