Por NTV
"Fóssil foi encontrado na
cidade de Missão Velha"
FORTALEZA - Pesquisadores da
Universidade Regional do Cariri (Urca) e da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) apresentaram nesta quinta-feira o único fóssil de camarão achado
no Brasil. A estimativa dos pesquisadores é que o fóssil tenha mais de 100
milhões de anos. Encontrado em maio do ano passado, no distrito de Romualdo, na
cidade de Missão Velha, no Cariri cearense, os pesquisadores levaram oito meses
de estudos para comprovar que o fóssil era de um camarão pré-histórico.
O fóssil de camarão trata-se da
mais recente descoberta paleontológica do Brasil. Na apresentação, os
pesquisadores destacaram que o achado é único exemplar no mundo, encontrado na
Bacia Sedimentar do Araripe, entre o Ceará e Pernambuco, e que evidencia que o
sertão nordestino na antiguidade era mar.
"Esse é um momento de grande
relevância para a região, que se evidencia mundialmente diante da importância e
variedade fossilífera da Bacia Sedimentar do Araripe", disse o pesquisador
paleontólogo Antônio Álamo Feitosa Saraiva. Álamo Saraiva, que é pesquisador da
Urca e diretor científico do Geo Park Araripe, revelou que a peça vai ficar
exposta do Geo Park, que fica na cidade de Crato, a 550 quilômetros de
Fortaleza. A exposição é para conhecimento da comunidade acadêmica e da
sociedade em geral. O fóssil será registrado na
revista Zootaxa, uma publicação neozelandesa especializada em trabalhos que
provem a existência de espécies inéditas no mundo.
Com a descoberta os pesquisadores
informam que há assim evidências que o semi-árido nordestino já foi banhado
pelo mar provavelmente na Era Cretácea (entre 140 milhões e 65 milhões de
anos). Os estudos da Urca e da UFRJ indicam ainda que a região do Araripe pode
ter tido lagoas com alto nível de salinidade na Pré-História.
"Essa descoberta inédita do
fóssil do camarão prova que na Formação Romualdo, em Missão Velha, havia água
com algum nível de salinidade. Ali era uma região isolada do mar, que deveria
invadi-la esporadicamente", especula Álamo Saraiva. Durante a solenidade
de apresentação foi prestada uma homenagem ao cientista, professor e
pesquisador da UFRJ, Alexander Kellner, que participou da equipe de escavação
que encontrou o fóssil raro de camarão.
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