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Fonte: Imagens Google (2013) |
Por NTV
Porto
Alegre - Um marcha por diversos pontos de Porto Alegre (RS) marcará a abertura
do Fórum Social Temático (FST), que ocorre na capital gaúcha até dia 31. Os
participantes vão se reunir a partir das 13h no Largo Glênio Pires e então será
possível observar se a saída de algumas entidades ligadas a movimentos sociais
da organização do fórum irá representar um esvaziamento do evento.
Nas
semanas que antecederam o FST, entidades como a Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e a Marcha Mundial das Mulheres no Rio Grande do Sul (MMM-RS) se
retiraram das discussões por discordarem da principal organizadora, a Força
Sindical no estado. O tema do fórum, que este ano será Democracia, Cidades e
Desenvolvimento Sustentável, e a interferência da prefeitura de Porto Alegre no
evento são os principais pontos de discórdia. Na nota em que anuncia sua saída
da organização do Fórum, a CUT cita uma lei sugerida pela prefeitura e aprovada
pela Câmara de Vereadores da cidade segundo a qual o fórum deverá
obrigatoriamente ocorrer todos os anos na última semana de janeiro. Para a
central, a determinação governamental sobre o evento fere a carta de princípios
do Fórum Social Mundial, que diz que ele é um espaço dos movimentos sociais e
que deve sempre ser gerido por eles com autonomia em relação a Estados e
partidos políticos.
'O
Estado e os partidos podem e devem apoiar os eventos, no entanto jamais exercer
o controle. A prefeitura de Porto Alegre fez aprovar um Projeto de Lei na
Câmara Municipal definindo que toda última semana de janeiro será realizado um
fórum na cidade. Onde foi debatida esta iniciativa? Parece-nos que é uma
interferência do poder público numa organização que deveria ser autônoma', diz
a nota. A Marcha Mundial das Mulheres também convocou sua militância a não
participar do encontro que começa hoje. Além da ingerência governamental, a
organização feminista demonstrou descontentamento com a valorização de temas que
considera terem sido 'apropriados pelo capital', numa referência aos temas
ambientais que serão tratados no fórum.
'Nossa
luta é de resistência ao modelo capitalista patriarcal, representado pelos
setores que apoiam este evento de janeiro em Porto Alegre. Celebramos a derrota
do neoliberalismo no campo das ideias e de que contribuímos para isso. Contudo,
observamos que alguns dos temas trazidos pelo alter-mundialismo, têm sido
apropriados pelo discurso do capital e apresentados, cada vez mais, como novas mercadorias
para servir ao capital. Não vamos permitir que a luta dos povos seja
transformada em mercadoria política', diz a nota da MMM-RS O principal
organizador do evento e presidente da Força Sindical no estado, Lélio Falcão
rebate as críticas. Ele nega que o evento tenha sido esvaziado com a saída da
CUT, do movimento feminista e de outras entidades e espera que 30 mil a 40 mil
pessoas se reúnam nas diversas atividades que ocorrerão nos próximos seis dias.
Para ele, a mudança de rumo do Fórum Social Mundial e do fórum temático de
Porto Alegre é normal e inevitável.
'Em
2001 [ano em que o FSM foi criado] o Brasil e o mundo eram muito diferentes de
agora. Além disso, várias pessoas que não fizeram parte da criação do fórum em
2001 foram se somando e trazendo novas ideias ao longo do tempo', disse. Falcão
defendeu a agenda ambiental do evento e disse que o assunto não pode mais ser
dissociado das questões tradicionais como a luta pelo emprego e contra o
capital. Apesar disso, o presidente da Força Sindical no Rio Grande do Sul nega
que os temas previstos na carta de princípios tenham sido abandonados.
'O
processo de construção capitalista já produz lixo antes de sair da fábrica.
Quem vai pagar por isso? Precisamos discutir a produção sustentável, o que é
emprego verde. Nós não podemos tapar o sol com a peneira, a questão ambiental
está posta', disse Falcão em entrevista à Agência Brasil. 'A questão da
mobilidade urbana também é muito forte. Hoje a jornada de trabalho deveria ser
de oito horas por dia. Mas o trabalhador sai de casa e leva duas horas para
chegar no trabalho e mais duas para voltar para casa. São 12 horas de jornada
ao todo. Isso não é jornada de trabalho?', questionou para justificar a
abordagem dos novos temas. Sobre a participação governamental no fórum, o
sindicalista disse não ver problemas. Segundo ele, o governo irá participar em
todas as suas esferas - estadual, municipal e federal -, como sempre fez.
'Sempre teve, o governo sempre patrocinou [os fóruns sociais]. Aliás, o governo
brasileiro patrocina até fóruns em outros países', alegou.
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